Autor: Agustin Bernaldo Palatchi
Tradutor: Gilson Cesar Cardoso de Sousa
Editora: Jangada
Título Original: La Alianza del
Converso
Ano de Lançamento: 2010
Ano de Lançamento Brasil: 2013
Número de páginas: 464
Ficção Espanhola
Avaliação do Prosa Mágica: 8
Para
os alquimistas e para os estudiosos desta ciência antiga, o opus nigrum é o processo de banir as sombras interiores dando
espaço para a luz. Agustin Bernaldo Palatchi faz de O Anel do Magnífico
(Editora Jangada) este processo através das palavras.
Sombra
e luz se equilibram em uma frágil, porém instigante trama que ora nos obscurece
a vista, ora nos banha de luz com sua criatividade.
É
estranho e surreal, apesar de ser verdadeiro – um paradoxo, eu sei – é tão real
que a trama é fruto de uma pesquisa histórica de cinco anos. E haja coração
para suportar os altos e baixos que fazem parte da trajetória da humanidade.
Ambientada
no final do século XV e inicio do século XVI, na resplandecente Florença dos Médicis,
patronos das artes e da cultura, O Anel do Magnífico costura a história
fictícia de Mauricio Coloma que se descobre descendente de judeus quando o pai,
condenado a morte lhe revela sua conversão e um segredo, uma joia valiosíssima
que o filho deverá pegar e fugir o quanto antes para Florença. Lá a joia deverá
ser oferecida a Lorenzo de Médici e transformada em dinheiro para que o jovem
possa reconstruir sua vida.
Em
Florença, Mauricio acaba encontrando muito mais do que foi buscar. Lorenzo
acaba protegendo o jovem e o ajudando a construir seu futuro. Lá ele conhece
Lorena, o grande amor de sua vida, mas também se defrontará com o preconceito,
a peste, a dor da injustiça e um passado longínquo que parece ter amaldiçoado
toda a sua família.
Agustin
nos dá o prazer de viver com personagens como Leonardo Da Vinci, Picco della
Mirandola, Marsilio Ficino, Cristóvão Colombo, Girolamo Savonarola, Abraão
Abulafi dentro outras figuras históricas que nos proporcionam uma outra forma
do prazer de ler.
Também
somos levados a conhecer os desmandos da Igreja Católica com padres ora
interesseiros, ora obsessivamente moralistas, que não só rotulam o ser humano como pecadores incorrigíveis, como relega a mulher a um papel quase animal de
procriadora e destinada única e exclusivamente ao oficio de educar sua cria.
Lorenzo de Médici: Autoria: Girolamo Macchietti |
Também
nos apresenta a fanáticos como os “homens da Inquisição” e uma sociedade secreta
denominada “Os Resplandecentes”, que apesar de ter como membros muitos padres,
são adeptos de Satanás.
Mais
uma vez a ficção nos mostra a triste perseguição aos judeus, perseguição esta
que se perde no tempo, sempre fazendo uso de desculpas sem cabimento para suas
atrocidades.
Agustin
conseguiu costurar os muitos personagens e fazer conexões que transpõe as
barreiras do tempo e vão se iniciar na época dos Cátaros, que alias, os
capítulos que tratam desta parte são encantadores.
É
eletrizante, é de nos deixar sem fôlego e muitas vezes furiosos com a hipocrisia
social que perdura até hoje.
Particularmente
gostei da Lorena, por que é através dos olhos dela que vemos as mudanças
sociais em Florença, é através da exigências com as mulheres que vamos
percebendo o cerco que se fecha em torno delas e que irá durar até quase a
penúltima década do século XX.
Muitas
vezes o autor nos confunde tanto que fica difícil distinguir o que é história
real ou ficcional.
Não
é um livro para se ler correndo. A trama tem que ser absorvida aos poucos,
mesmo por que há muitas discussões filosóficas que devem ser compreendidas para
que a leitura dos fatos faça sentido.
O
processo do Opus Nigrum só acaba no
final, quando seus principais personagens conseguem arrancar as máscaras da
ilusão e enxergar a realidade. Quando o último recanto de sombra
de cada um é banido, a luz pode entrar e
banhar as linhas finais.
Intrigada
com o título brasileiro, já que no original o título é algo como “O anel do convertido” acabei me deparando
com a resposta em uma pesquisa sobre Lorenzo de Médici. Na época ele era
conhecido como “Lorenzo il Magnífico” e o título em português acabou
enfatizando mais a posse do anel pela figura história que pela família de
Mauricio.
Eu
adorei o livro e recomendo a leitura. Só como curiosidade, considero Agustin
uma mistura de Marcello Simoni (O mercador de livros malditos) e Kate Mosse
(Labirinto). Por um lado pela imensa capacidade de nos trazer o que há de mais
obscuro na história e no caráter humano, e do outro pela imensa capacidade em
costurar muitos personagens e interligá-los de forma inteligente e inequívoca.
Livros do Autor:
La
Guerra Invisible – 2005
El
Gran Engaño
Sugestão
de Guia para Clube de Leitura
1. Como você vê o dilema de Mauricio quando se
descobre um judeu convertido ao catolicismo?
2. Qual é o significado da esmeralda do anel?
3. Qual é o papel de Lorenzo de Médici na vida de
Mauricio?
4. O que vc conhece dos Médicis de Florença?
5. Lorena é uma mulher avançada para a época. Quais
são os tópicos que foram analisados sob o ponto de vista exclusivamente
feminino através do olhar da personagem?
6. Como a revelação Flávia muda a perspectiva que
avaliamos a personagem Lorena, sua filha?
Links:
Book trailer
Oi, Soraya.
ResponderExcluirEstou ficando bem impressionada com os títulos que a Jangada vem publicando. No início não coloquei muita fé neles, mas vejo que os últimos livros que eles lançaram são muito bons!
beijos
Camis - Leitora Compulsiva