Autor: Lucinda Riley
Tradutor: Henrique Amat Rego Monteiro
Editora: Novo Conceito
Ano de Lançamento: 2013
Número de páginas: 528
Avaliação do Prosa Mágica: 9
Lucinda Riley se
transformou em minha leitura de cabeceira, isso não é segredo aqui. Desde a
primeira vez que me deparei com um livro dela fiquei tão encantada que aguardar
os próximos se tornou uma tortura angustiante. Felizmente depois de A Casa das
Orquídeas logo veio A Luz através da Janela, A Garota do Penhasco, A Rosa da
Meia Noite e o recém-lançado As sete irmãs.
Você deve estar se
perguntando então, por que deixei para ler A Garota do Penhasco só agora?
- A resposta, querido
leitor, é que talvez eu tenha deixado este livro para uma entressafra de
traduções, e como ela não ocorreu, finalmente cedi ao encanto de ler este conto
de fadas moderno.
A Garota do Penhasco é uma
história fascinante de duas famílias irlandesas conectadas por um passado
terrível e que a primeira vista parece cíclico. Grania Ryan, uma talentosa
escultora, volta à casa de sua família na Irlanda para fugir de um grande
desgosto que assolou sua vida. Lá, Grania conhece Aurora Lisle Devonshire, uma
garotinha quase etérea, na borda de um penhasco em meio a uma tempestade. Esse
encontro muda sua vida.
Grania descobre então que
há um segredo envolvendo sua família e a família de Aurora e mesmo sendo
advertida pela mãe a não se envolver com eles, Grania acaba apaixonada pela menina.
Um tesouro de cartas antigas datadas de 1914 revelam um passado de sacrifícios,
segredos e amor. A terrível I Guerra Mundial, o destino de uma criança
abandonada aos cuidados de um Lord e o ballet, que parece estar no sangue
daquela criança. E a menina Aurora parece ser um ponto chave que irá finalmente
unir e sanar as dores dessas duas famílias.
A Garota do Penhasco é um
lindo conto de fadas, mas não pense que vai encontrar o príncipe estereotipado,
a princesa frágil e vilões cruéis. A trama é feita de seres humanos comuns que
compartilham dores, amores, sonhos e renuncias, assim como possuem um lado
obscuro e cruel dentro de si mesmas. A única criatura etérea é Aurora, a garota
de 8 anos que nos conta a trama, e que acertadamente diz que se sente com 100
anos em uma das passagens do livro. Ela é adorável.
A escolha da narradora foi
acertada. Por que Aurora parece estar acima de todos, como se fosse um anjo. E,
através de uma visão inicial que parece totalmente infantil você consegue
enxergar o amadurecimento da trama e dos personagens.
Lucinda Riley falou no
blog Reflection of a Book Addict que
Aurora é a primeira personagem que ela escreve que é puramente ela mesma. Isso
é muito interessante, por que ela dá a entender na entrevista que passou por situações
muito semelhantes a da personagem, e isso fica muito claro quando você perceber
a força de sentimentos que a personagem nos oferece ao longo da trama.
A vida pode ser muito feia
e cruel, e Lucinda Riley não nos poupa em nenhum minuto disso. Ninguém é
totalmente feliz, todos possuem tristezas, duvidas e sentimentos que na maioria
das vezes nos fazem duvidar da existência de algo maior que nós.
Grania, a escultora, é
fascinante. Uma pessoa charmosa, mas enredada em sua própria trama de
sentimentos, que ora demonstra uma capacidade de amor sem limites, em outras um
orgulho que supera os limites da razão. Apesar de Aurora ser a narradora, é
Grania o fio condutor da história.
Agora falando de bailarina
para bailarina, Lucinda dá um tom de balé em A Garota do Penhasco. O livro
parece dividido em sequências da dança com passos contínuos e cadenciados. Ora
gira leve como um Fouetté bem feito, ora é alegre como echappés e changements, e ora percebe-se uma tristeza e introspecção ao
flertar com um longo e generoso fondue.
Sinceramente, não tenho
palavras adequadas para descrever o livro, de tão encantador, emocionante e
profundo que é esta obra de Lucinda Riley. O que posso aconselhar é a leitura,
não só de A Garota do Penhasco, mas dos outros livros. A autora é uma daquelas
pessoas mágicas que tem a capacidade de nos elevar a outros planos, de nos
tirar da terra e de nosso mundo, como se fizéssemos uma viagem virtual dentro
da vida e corpo de outra pessoa.
Em A Garota do Penhasco
você irá até a Irlanda, e falando sério, dá para sentir na pele os ventos
gelados e o ar de maresia enquanto lê. É simplesmente genial.
Oi, Soraya.
ResponderExcluirDeixa eu perguntar uma coisa... Quando estivemos naquele evento com a Lucinda no Shopping Morumbi ela comentou que os livros foram lançados fora de ordem pela novo conceito. Por acaso esse é o livro que deveria ser lido depois de "A Casa das Orquídeas"?
beijos
Camis - Leitora Compulsiva
Oi Camila,
ResponderExcluirNa verdade este livro foi lançado antes de "A Casa das Orquídeas". Fora do Brasil ambos foram lançados em 2011.
Beijos