Trilogia Fortaleza Negra #1
Autor: Kel Costa
Editora: Editora Jangada
Ano de Lançamento: 2014
Número de páginas: 424
Avaliação do Prosa Mágica: 9
- Como assim? Literatura
Brasileira? – Não se espante, mas foi exatamente assim que reagi ao
descobrir que Kel Costa não era um
autor de língua inglesa. A dúvida não
foi vã, já que todo o marketing feito para o lançamento do livro parecia ser o
de um título internacional já consagrado. – Sinal Positivo para a literatura brasileira.
Já comentei com vocês que
muitas vezes escolho um livro de forma aleatória, sem buscar muitas informações.
É quase como se fosse uma escolha por intuição. Na maioria das vezes funciona e
com Fortaleza Negra não foi diferente, mas que isso, foi um presente delicioso
e viciante.
A trama não é nada
simples. Trata-se de um mundo – Planeta Terra – que hoje é governado por
vampiros – Os Mestres. – que protegem os humanos dos ataques dos mitológicos –
minotauros e centauros. Neste mundo vive uma adolescente chamada Aleksandra –
Shasha, como gosta de ser chamada. – e sua família, os Bakers. Seu pai,
Johnatan, está pesquisando e desenvolvendo uma droga letal para os mitológicos,
e isso atrai a atenção dos Mestres, que os convidam para morar na Fortaleza
Negra, o lugar mais seguro e por que não dizer, sombrio do planeta. A família
se decide mudar para lá depois que sua cidade é atacada por minotauros.
É claro que Sasha não irá
gostar da mudança, mas sua vida vira de ponta cabeça quando chega na Fortaleza
Negra e conhece o charmoso vampiro Mikhail, e seus dois novos amigos Lara e
Kurt. Mas, se você pensa que ela terá uma vida tranquila, está muito enganado.
Não há tranquilidade, nem monotonia, nem lugares comuns. Ao ler Fortaleza Negra
você estará constantemente suspenso por um fio.
É eletrizante, viciante.
Eu li o livro em dois dias por que me obrigava a parar para descansar, para
pensar nos personagens, para imaginar o que a autora faria com eles. E, sem
dúvida nenhuma, Kel Costa foi muito cruel.
O texto é muito bom, mas quando
eu digo muito bom estou dizendo quase perfeito. Ela parece ser uma mistura de
Stephenie Meyer, Becca Fitzpatrick e Susanna Clarke. Além disso, a capacidade
de descrição de cenas e criação de mundos novos me lembra um pouco o talento de
J. R.R.Tolkien.
Os vampiros da trama são
diferentes de tudo o que já li. Não são os bonzinhos Cullens (Crepúsculo) nem o
terrível Conde Drácula (Bram Stocker). Eles são vampiros que vivem de sangue
humano, tem um humor do cão (Isso me lembra um pouco o Edward), mas são justos
e por incrível que parece, se preocupam com os humanos.
Há personagens deliciosos
como Kurt, amigo de Sasha. Um adolescente lindo, charmoso, homossexual e divertido.
Um contraponto ao clima fechado e sombrio da trama. Seria muito bom ter um
amigo assim.
Já o Mestre Mikhail é
outro personagem fascinante. Não pelo fato de ser o par romântico na trama, mas
pela personalidade confusa, pela falta de delicadeza e ao mesmo tempo pela
atenção que ele dedica a protagonista. Kel Costa desmonta a cada capítulo este
personagem que, em primeira aparição se parece mais com um ser irritante e a
cada capítulo cai um pedacinho da armadura que ele solidificou em torno de si
próprio. É como se Mikhail fosse um quebra-cabeça e a autora retirasse as peças
mais importantes para nos mostrar e depois as retornasse ao seu devido lugar.
Há também o enigmático Mestre
Klaus e confesso que ele me deixou confusa, principalmente por que Kel Costa
colocou em uma única cena uma dose de humanidade tão eficaz que nos faz pensar
se Klaus é realmente o que aparenta ser.
Tem o item crítica social,
que achei muito interessante. Principalmente na passagem que a autora diz que
os brasileiros foram um dos primeiros a aceitarem o governo dos vampiros, já
que o nosso não era muito bom. Confesso que ri bastante ao ler isso.
Eu poderia me alongar aqui
e não conseguiria dizer tudo sobre o livro. Então eu aconselho que leia.
Infelizmente as coisas aqui neste país demoram um pouco para acontecer e não cabe
aqui entrar no mérito dessa questão, no entanto Fortaleza Negra já merecia
estar entre os mais vendidos.
Ilustrações internas. Sasha e Mikhail |
Preciso dizer que a edição
impressa é linda e bem acabada (Revisão nota 10). No final do livro há algumas
páginas com ilustrações em cores que nos mostram a fortaleza negra, Sasha, Mikhail
etc. Segundo Adilson S. Ramachandra, editor responsável pela publicação deste
livro, o acabamento foi pensado para agradar ao público leitor. Kel Costa
escrevia para fanfics e já tinha um fandom formado. Se você pensar que
Fortaleza Negra tem um texto extremamente visual, com descrições quase
fotográficas de cenas e personagens, o Editor tem razão ao dizer que este
diferencial irá enlouquecer os leitores.
Fiquei curiosa sobre o
processo de decisão para publicar Fortaleza Negra, e o editor Adilson S.
Ramanchandra me enviou a seguinte resposta:
Editor Adilson S Ramanchandra |
“Já
fizemos isso algumas dezenas de vezes com autores das mais diversas áreas.
Entretanto, quando pensamos em autores de ficção, o que se torna o fator
fundamental para a publicação de um livro é a originalidade da história, o
diálogo da obra com o nosso público e mercado e se o autor em questão, já se
comporta como um escritor. Sim, a raison
d'être é trina.
E
se comportar como um escritor – como poderíamos dizer– é algo que mostra que a
pessoa não apenas escreveu montes de páginas, montou um manuscrito e acha que
ali já existe uma obra que vai mudar o mundo, mas aquele que envia uma bela
sinopse, com um resumo bem escrito, que dê vontade de ler como leitor. Algo que
não lembre uma colcha de retalhos cheios de clichês mal colocados. Sim, porque
a literatura precisa de clichês, mas tem que saber como colocá-los de forma
criativa, como em MATRIX por exemplo.”
Também conversei com a
autora e transcrevo a entrevista abaixo. As respostas estão muito interessantes
e dá para saber um pouco mais sobre o processo de criação desta trilogia. No
mais, é torcer para que o segundo livro saia bem rápido para matar nossa
curiosidade.
Kel Costa |
Prosa
Mágica. Como
surgiu a ideia de escrever Fortaleza Negra?
Kel
Costa. Na época (2009), eu escrevia fanfics de Crepúsculo e estava um pouco cansada de criar histórias
sobre Edward e Bella. Queria fazer algo que fosse meu, construir meus próprios
personagens. Então decidi escrever um livro, ao qual dei o nome de Fortaleza
Negra.
Como sou muito fã de
vampiros, o objetivo era escrever sobre eles, mas precisei pensar muito num
enredo que fosse original, não queria cair na mesmice nem sofrer comparações
com livros famosos. E um dia veio à ideia de misturar vampiro com mitologia.
Eis que surgiu o livro que você leu!
PM. Quanto
tempo você levou para escrever este primeiro livro?
KC. Bem,
eu dei início ao livro em 2009 e escrevi durante uns 2 meses. Depois acabei
parando e engavetando por falta de tempo, até que no final de 2013 eu resolvi
voltar a escrever. O processo de escrita, ao todo, deve ter tomado uns 6 ou 7
meses.
PM. Percebe-se
que o personagem Mikhail é uma deliciosa mistura de Patch (Série Sussurros),
Edward (Crepúsculo), ambos amadurecidos. Esta sensação de mistura de
personagens já existentes é real?
KC. Não
foi proposital. Eu leio muito e adoro literatura young adult e juvenil.
Crepúsculo e Hush, Hush são livros que li e adoro, então acho que é natural que
determinados personagens influenciem na hora de escrever.
PM. Você
tem um ritmo alucinante em determinadas partes do livro, o que nos leva a ler
quase sem respirar. Foi intencional este ritmo, ou ele aconteceu conforme a
história ia para o papel?
KC.
Sim,
eu escrevo tentando evitar que a leitura se torne monótona. É um romance, mas o
enredo pede por ação. Tenho mania mesmo de intercalar os ritmos para deixar o
leitor sentir um pouco de adrenalina de vez em quando. Também costumo escrever
imaginando a cena como num filme, então isso facilita na hora de criar a ação e
deixar tudo mais frenético.
PM. O
governo mundial dos vampiros parece uma “resposta” ao panorama político
mundial. Você fez realmente uma alegoria dessa situação, ou esta é uma das
possíveis leituras interpretativas do livro?
KC.
Foi
um pouco proposital mesmo. É uma visão distópica da nossa realidade, com um governo comandado por vampiros. Mas falando sério, antes de aparecerem
os mitológicos, acho que dá para perceber que o mundo ficou mesmo melhor nas
mãos dos Mestres do que nas dos políticos corruptos que conhecemos, não é?
PM. É
uma trilogia. Você já tem a data possível para o lançamento do segundo livro?
Ele já está pronto?
KC. Ainda
estou escrevendo, mas a editora já tem data para publicá-lo: maio ou junho de
2015. Detesto ler e gostar de um livro e ter que sofrer anos esperando pela
continuação dele. Pode ter certeza que o segundo volume será lançado o quanto
antes.
PM. Foi
difícil conseguir uma editora para publicá-lo? Quanto tempo levou entre você
terminar de escrever a trama e a Editora Pensamento aceitar publicá-la.
KC. Para
Fortaleza Negra não foi tão difícil conseguir editora. Mas eu batalho por isso
desde 2009, com outro livro meu, que na verdade é uma fanfic adaptada. Fiquei alguns anos tentando publicar com uma
editora tradicional, mas não consegui e acabei usando o serviço do Clube deAutores (Site que publica livros sob demanda).
Quando terminei de
escrever e revisar Fortaleza Negra, meus calos (leitores que apelido dessa
forma carinhosa.) iniciaram uma campanha para que eu conseguisse uma editora. E
a Jangada (selo do Grupo Editorial Pensamento) se interessou, mais ou menos um
mês depois de eu ter finalizado o manuscrito. Entraram em contato comigo, eu
enviei o original para avaliação e dias depois me deram a resposta positiva. Ou
seja, entre terminar tudo e receber a resposta, acredito que tenham sido uns
dois meses.
PM. Você
gostaria de deixar uma mensagem para seus leitores?
KC. Tenho um contato muito direto com meus leitores
mais assíduos, da gente se falar sempre pelas redes sociais e eu considerá-los
meus amigos. Então, o que sempre digo a eles é que os amo muito. Sem meus calos,
não teria chegado até aqui, pois com certeza teria desistido há muito tempo.
Essa profissão e as negativas que o escritor recebe ao longo da jornada são
cansativas e, por vezes, desestimulantes. É essencial ter o carinho e apoio de
gente que gosta do que escrevemos. Cada leitor que eu ganho é uma dádiva na
minha vida. Então, aos que estiverem lendo até agora: obrigada por tudo,
sempre! Minhas conquistas também são de vocês! E aos leitores novos, que estão
me conhecendo agora, digo que se aproximem, não tenham medo, eu não mordo e sou
muito legal! Sério, fico radiante quando um novo leitor vem falar comigo.
Então, venha!
Oi, Soraya.
ResponderExcluirÉ uma delícia quando encontramos um livro nacional tão bom, né?! Fiquei feliz em saber que o livro da Kel Costa é bem escrito e que merece uma chance. Vou colocá-lo na minha lista de desejos!
Adorei a entrevista também!
Beijos
Camis - Leitora Compulsiva
Camila, eu fiquei muito feliz mesmo com este livro. A Kel Costa é sensacional e tenho certeza que você e seus leitores vão adorar o livro.
ResponderExcluirObrigada. Você sabe que fazemos essas resenhas com o coração, pois somos leitoras avidas... e no meu caso escritora compulsiva. :)
bjs
Olha, mesmo eu não sendo o público-alvo desse tipo de literatura, tenho que tirar o chapéu pra autora, quando ela menciona sua linha direta com os leitores. É assim que se faz! Não duvido nada que essa moça vai longe!
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