Autor: Kelly Moore, Tucker Reed,
Larkin Reed
Tradutor: Martha Argel e Humberto Moura Neto
Título Original: Neverwas
Editora: Jangada
Ano de Lançamento: 2014
Ano de lançamento Brasil: 2014
Número de páginas: 320
Avaliação do Prosa Mágica: 10
Segundo Brian
Greene, que aborda brilhantemente o enigma do tempo, não existe nada nas leis
da física que nos obrigue a avançar em uma direção específica. Ele declara que
“a seta do tempo é uma relíquia do estado do universo no momento do big bang.” (1)
Eu
sei que o leitor está me perguntando o porquê de começar a resenha com uma
constatação do grande físico teórico Brian Greene, e a resposta é simples: - Eu
nunca vi descrito em um livro de ficção tão claramente o que se as pesquisas
mais avançadas em física tentam nos explicar.
Quando
li Amber House 1 (veja resenha aqui), o elemento tempo não era algo tão presente,
a não ser pelas constantes visões de Sarah Parsons. Naquele livro de estreia da
trilogia, o espaço comandava o storyline, cabendo ao Tempo um pequeno papel no
final da trama.
Em
“O Tempo que Nunca Foi”, quem
comanda a trama é a dimensão do tempo, que se entrecruza e se delineia em matrizes
de redes interligadas. Tem uma pegada da própria experiência do Gato de Schrödinger,
muito bem retratada pelo título do livro e pelo tempo que deixou de existir a
partir do momento que o observador toma uma decisão. Uau!!! Eu fiquei fascinada como as autoras
Kelly Moore, Tucker Reed e Larkin Reed trataram este tema.
Um
dos pontos interessantes é a sensação de deslocamento, de que há algo errado
que nos permeia ao longo da leitura. Sarah fala sobre isso muitas vezes, mas as
autoras conseguem nos fazer sentir o mesmo. Quando você percebe o pano de fundo
da história, na qual os Estados Unidos não existem como unidade, os negros
ainda são segregados, e os nazistas foram vitoriosos e planejam destruir a
tentativa de união dos estados americanos, há um nó cerebral que nos faz se
sentir estranhos, uma sensação de que tudo aquilo está errado e que o perfil
dos personagens principais não combina com a época, com o a história que eles
vivem.
Mais
incrível ainda é que na vida de Sarah tudo parece ser muito feliz. A família
está unida, sua tia Maggie está viva, Richard é um príncipe de perfeição, pois
seus pais nunca se separaram. A única pessoa que parece destoar de tudo é Jackson,
que por sinal, me deixou absolutamente confusa. Cheguei a pensar que ele é uma
espécie de “senhor do tempo”, mas a conclusão é que seu personagem é de alguém
absolutamente abnegado por uma causa e por uma certeza, que não caberia contar
aqui.
Metropolitan Museum |
Tem
outra coisa muito interessante. Sarah não se lembra de como era sua vida no
tempo que nunca foi, mas aos poucos os flashes vão surgindo em suas lembranças,
até que ela consegue enxergar o que deveria ter sido, mas não foi por que algo
que ela fez deu errado. No entanto, alguns personagens como Claire Hathaway, o
nazista Jaeger, Maggie e por vezes penso que Sam também se parecem se lembrar.
Amber
House II também trata das dimensões paralelas que já foram citadas no livro 1,
mas aqui elas parecem se chocar uma com as outras, como se fossem partículas atômicas
que se soltaram de seu núcleo e agora buscam ordem.
Não
posso me esquecer de uma personagem misteriosa, a menina Amber. Às vezes esta
garota parece ser o próprio espírito de Amber House personificado em uma linda
criança que apenas Sarah Parsons vê. Talvez este mistério só se resolva no
livro três.
Amber
House II é fascinante, profundo, com um ritmo alucinante que torna quase
impossível que você pare de ler antes de chegar ao final.
O
acabamento da edição é precioso e não me canso de olhar para a capa. É linda e
repleta de signos, como o portão aberto que leva uma Sarah de vermelho a novas
perspectivas.
Só
tem uma coisa que me irritou: - O livro acaba. Sim, acaba de uma forma que você
fica desesperada para saber o que vai acontecer. Acaba sem pelo menos uma única
cena do próximo capítulo. E isso significa esperar até o ano que vem para ler o
desfecho da trama.
“Amber
House II – O tempo que nunca foi” não é apenas uma leitura de passatempo, mas
um texto para reflexão, que nos provoca a pensarmos o quanto as pequenas coisas
que fazemos em nosso cotidiano podem causar mudanças profundas na história do
mundo, e sobre a nossa responsabilidade no que acontece no hoje.
Só
lendo para entender.
(1)
O Tecido do Cosmos, Brian Greene. Ed. Gradiva.
Nossa, Soraya.
ResponderExcluirQuando você fez a resenha do primeiro livro já fiquei interessada e agora estou ainda mais curiosa!
Preciso dar mais chances aos livros da Jangada!
beijos
Camis - Leitora Compulsiva