Autor: Chris Hejmanowski
Tradutor: Jacqueline
Valpassos
Editora: Jangada
Número
de páginas: 344
Ano
de Lançamento: 2014
Avaliação
do Prosa Mágica:
8
Ciência e religião sempre
se confrontaram. A briga parece ser eterna e movimenta muitos debates nos dias
de hoje. Pode-se ou não usar óvulos fecundados em vitro para as pesquisas com célula troco? Clonagem é ética? Tentar
recriar o princípio do universo em laboratório atentará contra Deus? As
questões parecem não ter fim, e a meu ver, quase sempre são movidas por um
grupinho de palavras que tendem ao fanatismo. São elas: - o dogmático, o místico,
o exotérico e o sacro. Todas sempre voltadas a um cerceamento do livre pensar.
A atualidade parece nos
trazer estas questões a tona, e como não poderia deixar de ser, a literatura
tem nos apresentado uma série de livros de ficção interessantes sobre o tema.
Um dos mais contundentes é Rotas de Colisão, do médico norte-americano Chris Hejmanowski.
O inicio do livro já nos
prediz o que nos espera, pela simples e complexa citação de Albert Einstein: "A realidade é uma
ilusão, ainda que muito persistente." Vivemos a realidade ou tudo não passa de uma
grande mentira? – Esta é uma resposta tão pessoal quando nossos desejos mais
ocultos.
Rotas
de Colisão envereda por esses caminhos, quando nos conta a história do físico
de partículas Fin Canty, um promissor pesquisador e defensor do CERN que
envolvido em um estranho acidente, meses após a morte da esposa, é assassinado
e sua filha levada por um membro de uma gangue sem limites.
Já
desprovido de seu corpo, Fin descobre que a alma de sua filha foi levada ao
inferno, e ele fará de tudo para resgatá-la. Enquanto isso policia e
pesquisadores nos colocam diante de descobertas alarmantes e uma tentativa
absurda de provar a vida após a morte.
Representação gráfica de um buraco negro. O simbolo é citado no livro. |
Quando você avalia o livro
do ponto de vista de Einstein percebe que Rotas de Colisão trabalha diversos níveis
de realidade que convivem em espaços diferenciados, mas se influenciam um ao
outro.
Há o espaço-tempo do FBI e
da polícia; também há o espaço-tempo do padre Moriel, que por sinal está muito
bem construído. Há também o obscuro físico Edvard e Salvador, talvez o mais
inusitado de todos, dentre outros personagens que vivem realidades paralelas e
interligadas em uma rede misteriosa.
É um tecnothriller com
toques de Dan Brown e a genialidade de Arthur Conan Doyle. A leitura me “pegou”
do começo ao fim. Não podia parar de ler. Foi cativante.
No entanto, há um fundo
salvacionista que incomoda, focado excessivamente na religião. Há muito mais
cenas de céu e inferno, que ciência propriamente dita. Senti falta de um
aprofundamento maior quando o assunto era buracos negros, brancos e possíveis conexões
entre realidades paralelas. Mas não chega a comprometer a trama, no entanto
Chris Hejmanowski poderia ter ido mais fundo.
Rotas de Colisão é um
livro que nos leva a pensar como nossa mente pode mudar a realidade, e como o
que é real pode ser apenas uma ilusão de nosso poder de observação.
Um livro contundente, sem
dúvida, que irá agradar as mentes mais cientificas, mas também poderá cair nas
graças das mentalidade voltadas apenas para a religiosidade.
Grande Colisor de Hádrons, citado no livro. |
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