Autor: GeraldineBrooks
Tradutor: Marcos Malvevezzi Leal
Editora: Nova
Fronteira
Número
de páginas: 328
Ano
de Lançamento: 2001/2010(Brasil)
Avaliação
do Prosa Mágica:
8+
Em
1866 a aldeia de Eyam, Derbyshire condenou-se a quarentena, em uma tentativa de
conter o avanço da Peste na Grã Bretanha. Cerca de 260 aldeões, estima-se que
80% da população, sucumbiu a este surto final e mais virulento da Peste Negra. A história é real e a atitude heróica destas
pessoas é contada em muitos livros até hoje, mas o fato é que os detalhes desta
trama se perderam no tempo, e muitas “lendas” são discutidas como o fato da
peste ter chegado em uma peça de tecido vinda de Londres.
Geraldine
Brooks, em sua estréia em ficção histórica, abordou o tema tendo como base, não
os seus dotes de romancista, mas a sua experiência como correspondente de
guerra em países como Bósnia, Gaza e Somália. É por isso que talvez, a autora
não se intimidou em nos colocar a crueza de detalhes do que é a morte coletiva
de pessoas afetadas pela Peste. Como jornalista ela vivenciou isso, e tem a
noção exata do que é; não se deixa nublar pelos efeitos atenuadores que um bom
livro de história possui.
Durante o periodo da Praga, comida e remédios foram trazidos aqui e as moedas eram deixadas em pagamento. As moedas eram desinfectadas com vinagre. |
A
história é contada a partir dos olhos de Anna Frith, uma garota que ajudou o
pastor a conter o avanço da doença e embalar os que já estavam nos braços da
morte. Ana é uma heroína “dura na queda”, sem educação formal, mas que é
protegida por Elionnor que passa a lhe dar, não apenas o afeto que nunca teve
de sua mãe morta quando ainda era um bebe, como a educá-la nas letras e na
filosofia.
Anna,
o pastor e sua esposa formam uma base emocional muito forte dentro da trama,
uma base reflexiva sobre os desígnios de Deus, o papel do ser humano na
condução da vida, e o sacrifício como forma de se purificar.
Há
por trás da trama um forte questionamento religioso sem o fatalismo que autores
desavisados poderiam cair.
Também
podemos ver até onde a irracionalidade humana pode seguir. Até onde a
superstição, a falta de conhecimento pode levar e as conseqüentes violências
que sabemos existir nesses países em guerra como parte da África, Afeganistão,
Siria etc. No livro isto é simbolizado pelas mulheres que são acusadas pelo
povo de bruxas, mas são na verdade benfeitoras que se utilizam de ervas para
curar.
Um
Ano de Milagres não é um livro que você se apaixona, por que é impossível se
apaixonar pela tragédia, mas é uma trama que marca, que induz a reflexão. Não é
o melhor livro de Geraldine Brooks, e isso se deve ao fato de ser a sua estréia
neste tipo de literatura e a proximidade com matérias de guerra que fizeram
parte de sua vida profissional. Nem por isso deixa de ser importante e
indispensável.
Cemitério e igreja na Vila de Eyam |
Comentários
Postar um comentário
Obrigada, seu comentário é muito importante.
Caso vá comentar no modo anonimo, por favor assine seu comentário.
Obrigada pela participação.