Autor: Deborah
Harkness
Tradutor: Márcia Frazão
Editora: Rocco
Número
de páginas: 560
Ano
de Lançamento:
2015 (Brasil) 2014 (USA)
Avaliação
do Prosa Mágica:
10+
O
terceiro e último nó laçado pela tecelã-escritora Deborah Harkness não se
encerra apenas no que comumente chamamos de ficção fantástica, mas na forma
como ela encaixa demônios, bruxas e vampiros na vida cotidiana.
Com
o primeiro nó, a autora nos apresentou a trama. Diana, uma historiadora da
ciência, que encontra na Biblioteca Bodleina um manuscrito perdido e
enfeitiçado. A Descoberta das Bruxas iniciou o feitiço. Dizem pela web que a o
livro perdido de Diana foi espelhado no livro do astrônomo do século 16, John
Dee que a autora encontrou acidentalmente na mesma biblioteca.
Com
o segundo nó (A Sombra da Noite), Deborah nos levou em uma viagem no tempo, na
era Elisabetana, em uma Londres cercada de charme, personagens famosos e da
lendária e misteriosa Escola da Noite.
O
último nó do feitiço poderoso nos trouxe de volta ao século XXI, em uma viagem
que triangula entre a Inglaterra, Estados Unidos e França, cujo último
movimento se dá entre dois pontos eqüidistantes: - Veneza e Chelm (Polônia)
A
autora amarrou os nós desta trama de uma forma tão contundente que o leitor se torna
prisioneiro dela, completamente vencido por seus personagens tão reais, por seu
ritmo ora alucinante, ora lento como os ponteiros de um relógio que não quer
avançar.
O
recheio dos três livros é a expertise de Deborah Harkness em história da
ciência. Mas é em O Livro da Vida, que o conhecimento passa a ter mais
importância, se transforma em palavras chaves para desvendar um mistério que
revela o segredo existente por trás das quatro criaturas: - humanos, vampiros,
demônios e bruxas.
Deborah Harkness - Foto da internet |
Alguns
personagens que ficaram nos dois primeiros livros voltam a cena e passam a
preencher um espaço que não poderia ser destinado a outros, senão eles. Chris,
o amigo cientista de Diana, que apareceu em apenas algumas páginas do livro 1,
agora passa a ter mais vida, e a exercer um papel de importância na vida da
bruxa.
Gallowglass
– lembra do que eu falei sobre ele na resenha de a Sombra da Noite? – pois bem,
ele voltou e participa de quase todos os episódios importantes de O Livro da
Vida. Cada vez mais apaixonante, cada vez mais encantador. Ele é o protagonista
de uma das cenas mais lindas da história, tal a delicadeza, tal a intensidade
das emoções empregada nas palavras da autora. “Ele aconchegou a cabeça da tia
debaixo do próprio queixo. Ela podia ser a leoa de Mathew, mas de vez em quando
até mesmo os leões tinham que fechar os olhos para descansar.” (p. 300) Não é
apenas um jogo de palavras bonitas, mas o inicio de algo que possui forma e
sentido. E olhe que estou fazendo um esforço enorme para escrever sem cometer
um spoiler.
Não
preciso dizer que a Diana do primeiro livro retorna. Com mais força e
amadurecimento. A pesquisadora renomada assume novamente seu papel de
protagonista da sua história, e o seu ar de “desastrada” parece corar esta aura
que a personagem possui.
Philippe
está muito presente na trama, e sua presença não se dá apenas pelo seu
fantasma. Algumas vezes você tem a sensação que é ele o tecelão, que é o pai de
Mathew que trama toda a trajetória dos personagens.
A
rainha Ysabeau, se revela e você passa a entendê-la, em seus desvarios de
vampira mandona, em sua sensibilidade pela falta do amado, e em sua necessidade
de proteger a família.
Marcus
nos deixa atônitos. Seu frescor se une a um senso gigantesco de justiça. É na
fala dele que vislumbramos a vontade de lutar contra a injustiça e o
preconceito. Marcus de certa forma representa o mundo ideal, o mundo onde não
existe divisão de raças.
Enfim,
a conclusão da trilogia não é fechada no sentido literal da palavra. O livro
tem um fim, sim, com toda a certeza, mas o texto nos leva a refletir sobre o
preconceito racial, sobre as injustiças e sobre a sede absoluta de poder que
leva a guerras e a atrocidades.
É
o movimento definitivo para calar os que acreditam em uma separação entre
ficção fantástica e reflexão da realidade.
Deborah
Harkness fez isso com maestria e deixará saudades e um vácuo enorme, já que
Diana, Sarah, Gallowglass, Miriam e Marcus ficarão congelados para sempre nos
três volumes da trilogia.
É
para ler e reler incansavelmente.
Livros importados: A Discovery of Witches - Edição inglesa comprada na Blackwells. Shadow of Night, edição internacional./ The Book of Life - Edição Americana capa dura. |
Minha coleção de livros nacional.. |
Eu morro de vontade de ler essa série, mas minha verba de livros está zerada até o final do ano!! rs... Preciso dar um jeito de ganhar na megasena!! rs...
ResponderExcluirBeijos
Camis - Leitora Compulsiva
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirSe eu pudesse apagar da minha memória essa trilogia, só para ter o prazer de ler novamente, eu faria sem pensar duas vezes. Adorei a forma como você fez referência aos livros através do nós de tecelã, isso é que é ser fã *__*. Outro dia postei no Instagram uma foto da minha coleção e A AUTORA COMPARTILHOU!!!!!! Eu fiquei andando de um lado para o outro aqui em casa sem saber o que fazer de tanta emoção. Questionei no post dela se ela tinha intenção de dar continuidade à saga, mas infelizmente não obtive resposta até o momento T_T. Se você gostou de Descoberta tanto quanto eu, eu recomendo então que leia O Nome do Vento, são universos distintos e abordagens diferentes, mas está no mesmo nível de excelência que All Souls.
Abraços,
Matheus Braga
Vida de Leitor - http://vidadeleitor.blogspot.com.br/