Saga
Crepúsculo completa dez anos e autora Stephanie Meyer lança livro Vida e Morte para
contar a história agora pela ótica de um adolescente
Parece inacreditável saber que a
saga Crepúsculo está completando dez anos, mas as somas alcançadas revelam a
trajetória de sucesso da escritora Stephanie Meyer, que chegou a ser apontada
como a 49ª celebridade mais poderosa do planeta pela revista Forbes. Ao redor
do mundo, as vendas dos livros da história do vampiro Edward Cullen e Isabella
“Bella” Swan já ultrapassaram as 120 milhões de unidades e as adaptações dos
volumes para a tela grande arrecadou em torno de US$ 400 milhões só em
bilheteria. Isso sem contar que catapultou a carreira de atores como Robert
Pattinson, Kristen Stewart e Taylor Lautner, deu fama a bandas de rock
adolescente, assim como transformou o pequeno estúdio Summit em um dos mais
importantes da indústria do cinema. E não parou por aí. A autora conseguiu
emplacar para a telona o livro A hospedeira, que teve resultados modestos, mas
garantiu a continuação de mais uma saga. Meyer também tornou-se produtora de
cinema e já no tem currículo outros títulos, como a adaptação do livro Austenlândia
(Shannon Hale).
Em diversas entrevistas, a escritora
não cansa de repetir que a história surgiu de um sonho estranho com um vampiro.
Formada em literatura inglesa pela Brigham Young University, de Utah, Stephanie
Meyer dizia ser apenas uma dona de casa, responsável por três filhos, quando
decidiu colocar no papel suas primeiras ideias, baseadas em leituras de
clássicos de Jane Austen e das irmãs Brönte, sobretudo, “O morro dos ventos
uivantes”, de Emily Brönte, citado em Crepúsculo.
“Vida e Morte – Crepúsculo
Reimaginado” é o segundo livro lançado pela autora a partir da saga principal.
O primeiro foi “A breve segunda vida de Bree Tanner”, uma vampira recém-criada
que tem uma participação superficial no enredo de Bella Swan e que acaba sendo
morta em um combate entre vampiros. Meyer afirmou que sentiu vontade de
escrever esse trecho pois lamentava ter matado a personagem na trama. Porém,
segundo a autora, não era possível ter Bree na narrativa, já que os
acontecimentos que se desenrolavam na saga Crepúsculo ocorriam sob a ótica de
Bella. As duas personagens não têm um encontro significativo na história.
O mais novo livro conta a história
de “Beau”, apelido para Beaufort (“beau”, em francês, é belo). O garoto se
apaixona pela sedutora vampira Edythe. O livro tem 400 páginas e a autora
afirma que precisou mudar apenas 5% das ações do personagem pelo fato de ser um
menino.
O interesse por mudanças na história
original e fatos que ficaram de lado porque não se encaixavam no enredo central
motivou a escritora a criar Crepúsculo com gêneros invertidos. No prefácio da
obra, Meyer nos conta que algumas interpretações sobre a personagem Bella a
instigaram a reviver a história através de um garoto. A fama de donzela em
apuros da mocinha da saga sempre
incomodou a autora, que diz que Bella é um ser humano em apuros “cercado de
todos os lados por pessoas que são basicamente super-heróis ou supervilões
(p.9)”. Agora, a escritora se colocou à prova invertendo o jogo e diz que, após
dez anos de lançamento, colocou luz em outros aspectos da trama, como as visões
da personagem Alice Cullen, que poderiam ter sido aproveitadas de outra forma
no enredo original, além de correção de erros de lendas mitológicas. Mas todo o
universo da cidade de Forks e da saga continuam em Vida e Morte: os lobos, os temíveis
vampiros Volturi, as perseguições e as caçadas.
Stephanie Meyer parece não descartar escrever
“Midnight Sun”, a tão comentada continuação da saga, escrita a partir da visão
de Edward Cullen, cujos primeiros capítulos chegaram a se espalhar pela
internet. Porém, diz que não teria tempo suficiente para fazer um lançamento
comemorativo de dez anos da obra. Enquanto
isso, fãs podem revisitar a obra através de um ângulo divertido e descobrir se
a autora consegue comprovar a tese de que Bella não era apenas uma mocinha
sendo salva pelo herói apaixonado, procurar as diferenças entre um livro e
outro e relacionar os nomes dos personagens deste livro com o original. No
Brasil, o livro foi lançado mais uma vez pela editora Intrínseca, em um edição
vira-vira – de um lado Crepúsculo e de outro Vida e Morte, que pode até
facilitar a consulta e facilitar o encaixe desse quebra-cabeças criado por
Stephanie Meyer.
Foto de arquivo particular de Dora Carvalho. Proibido a reprodução. |
Dora Carvalho é jornalista e
doutorando em Comunicação e Práticas do Consumo pela ESPM-SP. É uma leitora
voraz de clássicos a livros de fantasia. Adora autores britânicos e romances
com fundo histórico. Escreve sobre cinema e séries no blog +Cinelivre.
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