Foto Prosa Mágica. Proibido reprodução. |
Autor: Daphne Kalotay
Tradutor: Maria Alice Máximo
Editora: Record
Número
de páginas: 476
Ano
de Lançamento:
2012
Avaliação
do Prosa Mágica:
10
Tenho
uma grande paixão por balé clássico, com seus tutus, arabesque, Fouetté, Pas de bourée e Dèboulès.
Fui uma aluna aplicada nas aulas de dança e talvez por isso, até hoje, tudo que
fala e inclui balé ocupe um lugar especial em meu coração.
Quando
Inverno Russo chegou em minhas mãos, confesso que não criei nenhuma
expectativa, primeiramente por que não sabia que se tratava de uma história que
envolvia o balé e depois, por que me pareceu mais um livro de suspense. Foi
então que me defrontei com uma grande surpresa.
Em
primeiro lugar por que a protagonista, Nina Revskaya, é uma bailarina do
Bolshoi que vive as agruras da existência em uma União Soviética Stalinista. Em
segundo lugar, por que a autora usa o balé como fio condutor da trama, mas o
verdadeiro pano de fundo é as atrocidades e o medo que os cidadãos viveram
durante a implantação do socialismo. E terceiro, por que a trama nos traz para
um presente, com dois personagens fascinantes Drew e Grigori. Mas, para
compreender tudo isso, tenho que contar um pouco da história.
Inverno
Russo de Daphne Kalotay inicia sua história com uma Nina já idosa e
incapacitada, que está colocando suas jóias em leilão para arrecadar fundo para
uma Fundação do Balé de Boston. É neste principio que você se depara com uma
mulher seca e irritável, e conhece Drew, a fascinante e persistente funcionaria
da casa de leilões.
Logo
depois se apresenta Grigori Solodin, um professor de russo da Universidade de
Boston, que possui um segredo no passado que pode desequilibrar Nina.
A
trama se alterna entre o passado e o presente e tem como chave um conjunto de
âmbar que esconde um segredo terrível.
Apesar
de se tratar de eventos ficcionais, o pano de fundo da trama é bem embasado na
triste e desumana história do stalinismo russo. A autora, de forma magistral,
construiu um livro de forma a nos causar as mesmas sensações que os soviéticos
sentiam naquele período, na época em que eles desconfiavam de todos e nunca estavam
livres para se abrir, nem mesmo com as pessoas que mais amavam.
A
autora nos mostra esta situação como se fosse uma doença, que vai se instalando
nas pessoas e elas nem percebem. Uma doença que mina amizades, famílias e
empodera o Estado como ser maior.
Não
é o primeiro livro que leio sobre esta temática, mas é sem dúvida o mais
completo em pesquisa histórica.
O
que mais me espantou no livro é o fato de não ter sido Nina a minha personagem
escolhida, mesmo sendo ela a
representante da temática balé. Mas foi Drew, a funcionária da casa de leilões
e Grigori, o professor, que brilharam na trama.
Drew
por ser uma mulher insegura, mas determinada. É ela que alimenta a força que
move a trama. São as suas “agulhas” que tricotam o andar de Inverno Russo.
Já
Grigori é alguém que busca suas origens. O homem que construiu em torno de si
uma história que poderia não ser real. É alguém que possui um grande sentimento
de perda e por isso se isola, e mesmo se isolando encontra na determinada Drew
Brooks o calor que sempre buscou.
É
um livro tenso, angustiante, difícil de prever. Ora você desconfia de uma
pessoa, ora de outra, e em outros momentos você acredita que já não sabe mais
nada e fica perdido em meio a tantos personagens e tantos vai-e-vem.
Foi
uma leitura sensacional e apreciei cada momento. Sinto apenas que a história
acaba, deixando margem para uma continuidade, não com Nina, mas nos deliciosos
Drew e Grigori.
O
que aconteceu com eles? O que acontecerá com o conjunto de Ambar? Só a autora
pode nos contar.
Lago do Cisnes - Bolshoi. |
Oi, Soraya.
ResponderExcluirCuriosamente passei com três primas e um primo que dançam balé e ouvi muito sobre o assunto. Eu nunca tive a menor vocação para dançar e queria morrer quando era obrigada a isso na escola! Meu negócio sempre foi jogar bola!!
Talvez por essa minha falta de proximidade com o tema, não me empolguei muito com o livro!! rs...
Beijos
Camis - Leitora Compulsiva
Oi Camila, Inverno Russo não é só balé. Mas precisa gostar um pouquinho para mergulhar na trama.
ExcluirBjs