Pular para o conteúdo principal

O lápis de cor lavanda

Imagem: Google Images.
Tempo vai, tempo vem e sempre me encanto com o colorido de uma caixa de lápis de cor. Sei lá, parece que o sabor da infância volta quando olhamos aqueles lápis multicoloridos, todos juntos, apontados e ávidos por colorir algo.  – Ainda bem que os adultos podem usar a desculpa dos livros de colorir para retornar a usá-los.
Qualquer tamanho encanta. Doze cores, vinte quatro, trinta e seis, mas talvez hoje, a minha paixão recaia naquelas “caixas” gigantes, com gaveteiros recheados de cores. Mas nem sempre foi assim.
Quando era criança, o suprassumo do luxo era uma caixa de vinte quatro cores, que eu ganhei já não me lembro mais quantos anos tinha. Ela era amarela, da Johnn Faber, dobrava no meio e ficava de pé na carteira da escola. Se eu não me engano a caixa vinha repleta de borboletas.
Hoje parece que ninguém mais dá valor para os lápis. Eu vejo todo dia isso na escola. O aluno recebe uma caixa e depois de um mês alguns deles já sumiram. Conheço até um caso misterioso do aluno cujos lápis vermelhos não param em seu estojo. Outro dia eu fiquei imaginando um lápis vermelho saindo sorrateiramente da caixa e sumindo pela porta da frente da casa deste menino. Abandono do lar? Fuga desenfreada? Sei lá. O motivo para isso, só o lápis vermelho é que sabe.
O fato é que as crianças não dão mais valor para eles. Acabou virando um produto de consumo descartável. Eles não passam de objetos que podem ser jogados, esquecidos dentro de um livro, ou apontados por mero prazer, sem que haja necessidade disso.
Nos meus tempos de criança, lápis de cor era coisa séria. Recebia-se uma caixa no começo do ano e cada um de nós cuidava como se fosse uma preciosidade. Era um tesouro que não se emprestava, não se jogava fora e que só saiam de seus esconderijos na hora de colorir um desenho.
Tenho saudades destes tempos, pois o mundo parecia ser menos consumista, menos egoista e bem mais atencioso com seus pertences. Época em que se sonhava com menos, com uma simples caixa de lápis de cor de 24 cores. Recebê-la era uma festa sem tamanho.
Hoje, a parte criança que vive em mim mantem sempre uma caixa de lápis de cor próxima. Eles servem para colorir meus personagens, lembrar emoções, dar avisos ou simplesmente completar uma flor de meu “jardim secreto”. E ainda consigo sonhar com eles e desejá-los como antigamente. Por que a ainda existe uma cor, uma única delas que nunca fez parte de minhas coleções, e ainda a quero avidamente.
Na minha pequena coleção ainda falta o lavanda, talvez a mais linda das cores. No entanto ela ainda vive lá, no reino das caixas gigantes e tentadoras que aceleram o coração só de olhar.

E sabe de uma coisa? São estas pequenas coisas que constroem nossas lembranças. São elas que povoam sempre a imaginação de um escritor. E você, já desejou um lápis de cor? 

Comentários

As mais vistas

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer c

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza que são apresentadas. É um livro em camadas, que pode ser avaliado sobre vários aspectos que se complementam. Pandora, por exemplo, é o

O Símbolo Perdido

Autor: Dan Brown Tradutor:   Fernanda Abreu Editora: Sextante Ano de Lançamento:  2009 Número de páginas:  490 Avaliação do Prosa Mágica: 10 Uau!! Cheguei ao fim com a impressão de ter ficado sem respirar por todas as páginas. O ano mal começou e já tenho um livro para a lista dos mais queridos de 2014. Não é possível que ele seja superado por outro. Você não precisa ser exatamente um amante de simbologia antiga, ou maçom para gostar da história, mas se for com certeza a trama terá mais sabor. Dan Brown desfila através das palavras todo seu talento em “fazer textos” que envolvem, prendem  e deixam marcas. Alias, a palavra é a tônica da trama. Mais uma vez Robert Langdom se mete em uma enrascada. Quando é supostamente chamado por um amigo para dar uma palestra em Washington, acaba descobrindo que foi usado para decodificar um antigo segredo ligado a maçonaria. A Pirâmide Maçônica, material de incontáveis sites e blogs na internet toma vida e as peças que pare

Seguidores