Autor: Zoë Ferraris
Tradutor: Vera Whately e
Cláudia Mello Belhassof
Editora: Record
Número
de páginas: 350
Ano
de Lançamento:
2009
Avaliação
do Prosa Mágica:
8
Existem histórias que nos
deixam perplexos, não por sua criatividade ou estilo literário, mas pelo fundo
de realidade que seus personagens contêm. “A Noite do Mi’raj” é um desses
livros.
A trama nos mostra uma Arábia
Saudita vista por trás dos véus e burcas das mulheres. Uma vida sem “vida”, um eterno arrastar do
tempo cercado de hipocrisia e falsa moral.
Nouf é a filha de 16 anos
de uma rica família, que desaparece pouco antes de seu casamento arranjado. Seu
irmão Othman contrata Nayier, um amigo que abraçou a cultura beduína, para que
tentasse encontrar Nouf. No entanto, após um pequeno período, a garota é
encontrada morta no deserto e Nayier conhece
Katya, noiva de Othman, que trabalha em uma espécie de IML. Juntos, eles
percorreram os bastidores de uma cidade onde as mulheres não têm direitos, e vão
desvendando o que se esconde por trás da morte de Nouf.
A trama nos mostra um
Nayier que parte de princípios rígidos aprendidos em sua religião, e que vai se
modificando ao conhecer a verdadeira realidade da vida das mulheres daquele
país. Tem uma passagem interessante na
qual Katya exemplifica o drama daquelas mulheres:
“- Imagine se você não
pudesse ir ao deserto – disse ela – Não pudesse nem mesmo sair de casa sem a
permissão de alguém. Teria dinheiro e tudo mais, porem, se quisesse fazer
alguma coisa, não lhe dariam permissão. A única coisa que poderia fazer era
casar e ter filhos.” (pág. 249)
Por que existe sim uma
diferença bem clara entre o que prega a religião e a política dos países onde a
maioria religiosa são os mulçumanos. Por mais que uma família seja liberal,
suas esposas e filhas ao sair na rua estarão expostas as leis do país e a ignorância
daqueles que não compreendem e não contextualizam as palavras da religião. Zöe
Ferraris foi extramente feliz e engenhosa ao colocar este tema no livro.
“A Noite do Mi’raj” não é
um livro genial, nem poderia ser. Não dá para se deliciar com uma história que
fala sobre as injustiças e a degradação que as mulheres são submetidas por pura
ignorância. No entanto, a autora no proporciona uma reflexão, e um eterno
questionar: - O que podemos fazer para que esta situação mude? – Confesso que ainda
não encontrei uma resposta, mas com certeza ela não poderá ser impregnada de intolerância
e preconceito.
Olá, querida.
ResponderExcluirAinda não conhecia esse livro, mas essa parece ser uma daquelas histórias que incomodam e nos fazem refletir! É uma excelente forma de conhecermos uma cultura tão diferente da nossa. Entendi muito bem a sua reação com esse livro e fiquei curiosa!
Beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva