No ano passado vimos a
mais terrível das pragas que poderia pairar por este país: - o fechamento de
livrarias e editoras. Não há indicativo maior de pobreza de espírito de um
povo, quando eles deixam que livros sejam considerados produtos de última
necessidade.
E, não são os altos preços
que fizeram as vendas despencarem, infelizmente é a falta de interesse mesmo,
pois na maioria de vezes você vê alguém reclamar do preço de um livro e correr
na primeira loja comprar o último modelo de iphone.
Na verdade é uma questão
de escolha. Assim como eu, o leitor voraz quase sempre prefere comprar um livro
a um item tecnológico de última geração.
É claro que não estou me
furtando a crise sem precedentes que avassalou o Brasil e isso impactou
diretamente nos custos de fabricação de livros, que pagam além dos direitos
autoras, impostos que vão se acumulando no preço do papel, da tinta, da
máquina, do transporte, da distribuição, dos salários e da baixa quantidade de
leitores do país. Mas não foi apenas isso que afundou o país. Há mais elementos
que passam por uma política pífia e tacanha, mas não entrarei neste mérito
aqui.
O Estado priorizou demais
a educação no ensino superior, quando o essencial é o período que vai da educação
infantil ao ensino médio. É neste período que crianças e adolescentes aprendem
não só a ler e a escrever, mas também a gostar de ler e compreender a
importância deste ato.
Conheço uma professora que
estimula seus alunos de 1º ano a lerem todos os dias. Orienta que estes mesmos
alunos leiam livros para as crianças da educação infantil, e o resultado pude
ver com meus próprios olhos: crianças que finalizam o primeiro ano lendo e
escrevendo sem dificuldade. Eu bato palmas para ela.
É nisso que eu acredito,
no fortalecimento da educação de base para formar novos leitores que serão
cidadão melhores, mais conscientes e criativos.
Acende-se uma luz no final
do túnel e estou torcendo para que seja algo real. No entanto, os frutos
precisarão de anos para amadurecer. Mudanças desta natureza não acontecem em um
piscar de olhos. Levará anos para que se perceba os resultados em grande
escala, mas isso não importa. Devemos ser como os plantadores de oliveiras, que
muitas vezes não veem o fruto, mas sabem que seus filhos e netos verão.
Mas há algo que se faz
urgente: - a sobrevivência de livrarias e as editoras? Eu creio que nós,
amantes dos livros, precisamos nos concentrar em ajudar a manter estes paraísos
que nos dão prazer, conhecimento e por que não dizer, amor.
Que as editoras continuem
a estimular os blogs a escrever sobre seus lançamentos, e para isso enviem
livros como estratégia de marketing. No entanto, nós blogueiros também
precisamos nos conscientizar e comprar os lançamentos daqueles escritores que
já conhecemos e se tornaram nossos prediletos.
Que a meta seja adquirir
pelo menos um livro por mês, em uma livraria física de preferência. Que
possamos usar nossas redes sociais para publicar mais livros e menos selfies.
Que nossas fotos usem hashtags #AmoLer
#ApoioLivrarias etc.
É importante lembrar que
um livro é a própria essência da vida. Com ele viajamos para lugares que não
conhecemos, vivemos a vida de outras pessoas, nos inspiramos, choramos, amamos
e principalmente, usufruímos desta fonte inesgotável de conhecimento. Um único livro nos ajuda a ser cidadão de melhor
qualidade.
Feliz 2019 e Feliz Livro
Novo.
Imagem do blog Cidadania Ecológica
Imagem: http://cidadaniaecologica9.blogspot.com/2010/11/arvore-da-oliveira-expressao-humana.html
Minha amiga Soraya, como lamento em concordar contigo no seu artigo. O interesse pela leitura desapareceu quase que completamente. Eu, neste final de ano e ainda me encontro nesta situação, estava precisando honrar alguns compromissos financeiros, a ainda preciso, e para tanto, pensando em conseguir algum valor, coloquei à venda toda minha biblioteca, que hoje, entre livros novos e usados tenho cerca de 600 volumes. Bem, fazendo uma promoção maluca, que me doeu no coração (força de expressão) fiz uma promoção para vender qualquer livro por R$ 10,00, condicionado à compra de pelo menos 05 exemplares. Apesar de ser uma promoção que considero absurda e te-la divulgado em mais de 50 grupos do Facebook, consegui realizar somente 03 vendas e 21 livros. Ninguém se interessa e isto é tão triste. São Carlos, que é uma cidade universitária, esta com duas livravias funcionando e nenhum SEBO. Que o tempo conserte...
ResponderExcluirLUIS ANTONIO
Talvez este comentário não tenha a mesma força do comentário anterior, pois o mesmo acabou se perdendo, mas tenho que concordar contigo sobre a falta de interesse do publico em geral pela leitura de livros. Vou citar uma situação que estou vivendo no momento. Por problemas financeiros, resolvi vender parte da minha biblioteca, hoje com uns 600 livros. Fiz uma campanha no final do ano, a partir do dia 10 de dezembro, colocando preço único em qualquer livro da minha estante por R$ 10,00, com condição de comprar no minimo 05 volumes. Fiz apenas 03 vendas e 21 livros. Considerando São Carlos uma cidade universitária, com Campus da USP e da UFSCAR contando com mais milhares de estudantes, é de ficar indignado ter na cidade somente 03 livrarias e nenhum sebo funcionando. Que o novo governo mude a forma da população ver os livros. Abraços
ResponderExcluirLUIS ANTONIO
Obrigada por comentar Luís. Essa mudança tem que vir da escola e da família. O Luisinho é um exemplo de como uma atitude da família pode mudar para melhor a vida de uma criança/adolescente.
ExcluirBjsss
Oi, Soraya.
ResponderExcluirSempre admirei a sua inteligência e um post como esse mostra a sua maravilhosa visão crítica! Sou sua fã!
Infelizmente a crise nas livrarias não é algo novo. Há anos vemos lojas fechando, vazias... Além da crise econômica óbvia que você destacou, o pior que eu vejo é a crise moral dos leitores!
Nunca vi tanto interesse por livros como nos últimos tempos! A cada dia surgem novos blogs, canais no youtube e perfis no instagram dedicados a livros. As estatísticas no Skoob mostram que as pessoas estão lendo cada dia mais... E por que as livrarias estão fechando?! Porque as pessoas querem ler, mas querem ler de graça! Baixam livros piratas a rodo e não dão a mínima para quem trabalhou na produção desses livros, para quem vende e para quem depende desse mercado!
Mais do que estimular as crianças a lerem, temos que estimulá-las a serem honestas, acima de tudo!!
Um grande beijo da sua amiga literária,
Camila - blog Leitora Compulsiva
Ou Camila, como sempre seu comentário foi correto. Você tem toda a razão quando fala sobre a crise moral. Eu me assusto todas as vezes que escuto alguém dizer que baixou um livro pirata. Triste, lamentável. Como escritora com livros auto publicados sei quanto custa e tenho uma noção dos valores que as Editoras dispendem para colocar um livro no mercado.
ExcluirSe não fizermos algo agora, fico com medo do que virá.
Bjs