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Minha doce livraria Cultura

Primeiramente quero alertar que não estou sendo paga para escrever sobre as livrarias. Decidi por minha conta e risco escrever sobre minhas grandes paixões, e começo por uma das livrarias que tem um significado muito forte em minha vida.
A Livraria Cultura sempre foi referência. Qualquer livro que eu não encontrasse em outro lugar, com certeza eu conseguiria lá. Era só ligar na Paulista e encomendar. Assim foi com Basarab Nicolesco e seu Manifesto da Transdisciplinaridade, Os Miseráveis, de Victor Hugo (Edição Portuguesa) dentre outros. Estou falando dos anos 90, época em que tínhamos muitas livrarias pequenas, na qual sentar-se em uma delas e ler era quase inconcebível e os grandes conglomerados não estavam presentes.
Com o passar dos anos, a Livraria Cultura começou abrir suas portas em outros lugares. Lembro-me de passar horas no Shopping Villa Lobos tomando café e me encantando com a quantidade de opções de leitura.
No entanto, a minha grande paixão nasceu em dezembro de 2008, no Shopping Bourbon aqui em São Paulo. Com a proximidade de minha casa, a minha frequência era maior. Durante muito tempo meu grupo de inglês se reunia lá, para tomar um lanche e treinar a língua da rainha. Eu sempre me antecipava e buscava novas publicações. Muitas das minhas paixões literárias nasceram deste garimpo que fazia toda segunda-feira.
No entanto, foi em 2011 que a livraria se tornou um marco especial para mim. Foi lá que surgiu o primeiro esboço de minha trilogia Literatura & Champanhe. Em meio a todos aqueles livros que pareciam (E ainda parecem) dialogar conosco, que as ideias sobre a trama começaram a tomar forma. Jane e Robert são netos da livraria, e lá viveram uma parte de suas aventuras, já que utilizava o café para escrever o romance.
Era o lugar ideal para que Jane e Robert tomassem forma. A energia de uma livraria, especialmente daquela, tem a força de nos impulsionar a escrita (ou leitura). Se existe algo de sólido nas entrelinhas de Literatura & Champanhe, Sombra da Meia Noite e Diário do Dragão, são as mesas, cadeiras, estantes, livros que murmuravam e me convidavam a viver outras vidas.
Livros lançados, a Cultura continuou fazendo parte de minha vida. Vivi histórias sobrenaturais, enredos alegres, dias tristes, encontros românticos, momentos de decisão...todos eles tendo como cenário a Livraria Cultura e como coadjuvantes os atendentes, sempre tão solícitos de lá.
Eu fico pensando quantas pessoas têm histórias para contar sobre livrarias, quantas delas vivenciaram momentos alegres nestes pequenos templos de cultura e prazer. É por isso que decide escrever sobre esses lugares, que fazem parte de minha vida desde sempre. Talvez por esse motivo eu hesite em deixar que me entreguem o livro em casa. Prefiro adentrar por entre as estantes, mesmo que o meu destino seja a seção de livros encomendados.
É por isso que eu não quero que morram as livrarias. Dá uma tristeza enorme quando uma delas fecha. É como se uma alma partisse e levasse com ela todo o conhecimento que poderia ter compartilhado. É como se seres vivos  fossem encaixotados e despachados para um depósito escuro e frio a espera que outra unidade ou loja os solicitasse. Livrarias mortas são vidas em suspensão.
Vou tentar contar algumas histórias que me aconteceram em minhas livrarias queridas, inclusive as que já morreram. A Cultura tem muitas, mas vou me limitar por aqui.
Eu gostaria de ouvir a sua história. Qual é a sua livraria predileta? Aconteceu alguma coisa interessante lá? Vamos declarar nosso amor incondicional a elas.

Comentários

  1. Lindo texto! Muita emoção e fica impossivel não escrever algumas linhas sobre o que você publicou. Eu sempre comprei muitos livros a partir de 2010, para atender a volúpia do meu neto e foram quase 1800 volumes, mas poucos foram comprados diretamente nas livrarias ao vivo, e sim, o grande volume em promoções que a Folha, Saraiva e outras faziam pela internet, mas concordo contigo quando diz que uma livraria do porte da Cultura tem uma magia, e oferece espaço para você poder escolher com calma o que vai comprar ou mesmo ler um obra no local, sem ter que pagar nada. Ainda em São Paulo e nas principais capitais, se encontra este segmento ainda forte, mas nas pequenas e médias cidades, praticamente já não existe mais.Parabéns pela publicação. Espero as outras.
    LUIS ANTONIO

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