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Tudo vai passar


Diante desta desgraça geral, com tantas mortes no mundo e no Brasil, pode parecer estranho um blog falar de leitura, de romance, de ficção, de sonhos. Pode ter a certeza que não é.
Do que é feita a vida, senão de sonhos tornados realidades? O que seria agora, dos milhões de italianos que estão em isolamento total em suas casas se não fosse o sonho, a esperança? - Tudo vai passar.
Uma das maneiras mais ricas de se passar um momento como esse é a leitura.  O livro é a porta aberta para o mundo que não podemos caminhar; são os abraços que não podemos dar; são os familiares que não podemos encontrar; são pessoas diferentes com as quais podemos dialogar, mesmo que em um primeiro momento pareça que estamos exercendo um monologo.
Você pode optar por dialogar com escritores mais contemporâneos, que nos apresentam uma linguagem atual. Talvez uma conversa regada a saquê com Murakami com “histórias bizarras que gravitam no limite do realismo fantástico” como explica Felipe Massahiro. Que tal passar um tempo ouvindo as lembranças dos personagens de Kazuo Ishiguro?
Podemos conversar fartamente com Lucinda Riley, Ah! Lucinda!!! Com seus personagens belíssimos, humanos que nos levam sempre a viajar entre presente e passado, conectando fatos e atos como uma boa tecelã construindo um tapete valioso.
Podemos voltar ao passado e conversar com Heróis e Lendas, passando por Gilgamesh (=/- 2100 A.C.) ou  O Mahabaharata (aproximadamente milênio III A.C.). Que tal buscar compreender nossa origem ocidental conversando com os Gregos. (Paidea, de Werner Jaeger , é um bom começo para compreender esta relação)
Para quem ama literatura britânica, Beowulf (entre VIII a XI) é uma boa referência. Seus 3.182 versos, em formato épico, podem ser lidos em voz alta. Um bom texto para “lives literárias” no Instagram. Alias, tem uma ótima publicação de Beowulf, pela editora  WMF Martins Fontes com comentários de J.R.R.Tolkien.
Para quem gosta de conversas um pouco mais, como eu diria, dogmática, aconselho A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Talvez ele possa te contar um pouco sobre a viagem as 7 esferas do inferno, as 9 esferas do paraíso e um pequeno tour pelo purgatório (Qualquer semelhança com nossa realidade atual é mera coincidência). Tem uma edição muito bonita da  Editora 34.
Particularmente gostaria de tomar um chá com Jane Austen. Tem um trecho de Orgulho e Preconceito que resume bem como seria este evento “Para que vivemos, senão para fazer graça para nossos vizinhos, e para rirmos deles quando for a nossa vez”.
E assim eu poderia seguir citando Mary Shelley, Alexandre Dumas, Walt Whitman, Emily Dickinson e tantos outros escritores que construíram nosso repertório linguístico e imaginário. Sem eles nosso mundo de hoje seria muito mais chato e sem graça.
Quem é leitor assíduo sabe muito bem do que estou falando. A leitura é sempre uma viagem, um caminho sem volta. Depois que você entra nesta jornada, nunca mais será o mesmo. A palavra FIM do livro significa para nós um novo olhar.
Não importa de que forma você vai fazer, leia. Quando observamos os personagens e a coragem que eles tiveram em aceitar suas jornadas, percebemos que somos todos Bilbo Bolseiros trancados em nossa toca, apenas aguardando o momento exato em que o mago entra e muda tudo em nossas vidas.
Então, fique em casa e leia um livro.


Obs: A foto acima é de uma ilustração que pintei. O desenho foi impresso da internet.

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