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Purple não é dark blue


Não há uma maneira de descrever uma cor. Josef Albers uma vez proclamou que se você dissesse 'vermelho' para 50 pessoas diferentes, haveria 50 versões diferentes da cor na mente de cada pessoa.

Os nomes das cores evoluíram para fazer distinções específicas entre elas, mas mesmo assim pode acontecer muita confusão. Muitas vezes o que é  roxo pode ser chamado de azul por alguém.

Eu me lembro que estava dando uma aula de inglês para uma turma de segundo ano, e eles estavam em uma atividade particularmente divertida na qual eu dizia a cor e eles mostravam o lápis de cor correspondente. Em um determinado momento pedi aos alunos que mostrassem o “dark blue” e um dos alunos levantou um lápis roxo.

Como professora, paciente questionei e pedi que ele traduzisse a palavra, na qual prontamente me falou “azul escuro”.

- Mas este lápis é purple!

- Não teacher, está escrito aqui dark blue.

E sim, era verdade. Feliz por ele conseguir ler e absolutamente perplexa diante do dilema, pois o lápis era deliberadamente roxo.

Pedi aos alunos que colocassem seus lápis lado a lado de forma que pudéssemos comparar e foi então que eu e todos eles percebemos que alguns (poucos) tinham sua área externa tingida de purple e não dark blue.

É claro que ampliamos a atividade pedindo a todos para fazer lines, squares, dots etc com o lápis em questão e comparar com tudo o que tinha na sala de aula. Todos chegaram à mesma conclusão.

- O lápis do aluno em questão era dark blue na mina e purple na base de madeira que sustenta a mina. Foi um ótimo experimento científico.

O que eu quero dizer com tudo isso?

Não dá para ter uma capa (um exterior) de algo que induza erroneamente a um miolo (interior) diferente do verdadeiro. Quantas vezes você viu uma capa linda de um livro, um texto primoroso (Escrito com técnicas de copywriting) e ao iniciar a história não era nada disso? Em resumo, você comprou purple e te entregaram um dark blue?

Os alunos sempre têm muito a nos ensinar. O menino que me mostrou corretamente o dark blue ignorou o exterior e se concentrou no interior, na cor verdadeira, na essência do lápis.

Os livros também nos ensinam isso, não por conta das capas, mas por tudo o que captamos de suas histórias, seja ela ficção científica ou um livro de história.

Nos momentos mais difíceis da humanidade, como na 2º Guerra Mundial, as pessoas liam e escreviam para suportar a realidade. Tenho a certeza de que hoje não ocorre nada muito diferente disso. Quantas guerras estão em andamento? Quantos massacres ocorrem?

No futuro leremos sobre este assunto. Nós que estamos vivendo este momento saberemos que é verdade, talvez os futuros habitantes do planeta acreditem que seja ficção. E você? O que pensa sobre este tema?

 

        Amigos leitores, que vocês possam ter um lindo final de semana... com muitas leituras.


        OBS: Imagem deste postagem foi tirada de uma pesquisa no Google. Não encontrei referencias do autor.

Comentários

  1. Sempre me pego imaginando como será o futuro? Muita coisa nova irão acontecer e será a nossa geração chamada de ultrapassados. Haverá de ser inventado um lápis de cor que obedecerá ao comando de voz do seu usuário e surgirá a cor que sua mente imaginar. Teremos, com certeza, 50 tons de vermelho e todos estarão certos. Ou não...
    Luis Antonio

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