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A Queda de Gondolin


A publicação de “A Queda de Gondolin” representa, de certa forma,  a conclusão de uma trilogia solta ambientada nos Dias Antigos de J.R.R.Tolkien. Tal como acontece com outros textos publicados postumamente “Os Filhos de Húrin” e “Beren e Lúthien”, este livro contou com a minuciosa e amorosa edição de seu filho e executor literário Christopher Tolkien. A história se passa muito antes dos eventos de deram origem a “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, e preenchem registros históricos dessas eras mais antigas e completam lacunas que uma simples leitura de O Senhor dos Anéis pode nos surgir.

Este livro reúne vários rascunhos do vasto arquivo de Tolkien, mostrando como a história foi mudando e amadurecendo na cabeça do autor. Há ensaios e comentários de Christopher extremamente pertinentes, que nos fazem compreender um pouco mais deste universo criado pelo pai dele.

A história em resumo nos conta como Morgoth, um dos Ainurs mais poderosos, busca dominar a terra toda, mas tem fora de seu alcance a cidade escondida dos Elfos, Gondolin. Quem já leu “O Silmarillion” tem uma boa ideia de quem é Morgoth (Melkor), seu poder de destruição e seu maior seguidor Sauron.

De sua fortaleza em Angband, Morgoth cria um exército terrível e assustador, com Orques munidos de lanças, dragões, balrogs e outras coisas horrendas que são realmente assustadoras em suas descrições. Tolkien consegue um realismo em seu texto que, ao mergulhar na leitura, é possível acreditar que tudo aquilo realmente aconteceu. Precisamos lembrar aqui que o primeiro rascunho deste conto foi escrito por Tolkien enquanto ele se recuperava em um hospital após a Batalha de Somme, e isso já é referência suficiente para imaginar o grau de horror que estava na cabeça do autor.

O título é uma boa referência que Gondolin não vai muito bem. É uma cidade de Elfos, escondida após uma grande batalha na qual Morgoth escravizou os habitantes do planeta, e Gondolin acabou como refugio para os que conseguiram escapar. A história começa contando como Tuor chega a cidade guiado por um Voronwë e com mensagens de Ulmo. A essa aparição na cidade se seguem uma história que preenche um largo período de tempo no qual podemos conhecer bem Tuor, seu valor e suas obras.

A Queda de Gondolin é um conto trágico, com todos os elementos que os leitores do autor esperam de sua obra, principalmente a criação de personagens fortes e verdadeiros, como Tuor, que nos lembra os heróis da mitologia grega. O texto também possui uma boa dose de traição, ódio e amor.

Sem dúvida nenhuma a Terra-média permanece como o reino ficcional mais envolvente e detalhado de nossa época. Isso ocorre não só por causa das diferentes línguas que Tolkien  inventou, mas também por toda a cosmogonia e mitologia criada para sustentar as tramas de “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”.

É interessante ver o processo de aprimoramento da obra, na qual vemos a mudança dos nomes de personagens. Os Elfos são chamados de Gnomos, nome que desaparece quando você lê O Silmarillion ou as obras “principais”. Também se seguem alguns trechos interessantes que são modificados dando mais brilho a trama.

Tolkien, com certeza, vai nos fascinar sempre. Não existe nada do gênero escrito por outro autor no século XX e até agora no XXI. É uma obra monumental, que está sendo trazida a público.

Ler Tolkien é muito mais que uma distração, é um diálogo com a criatividade e com a inventividade de um grande gênio da literatura.

 

Autor: J.R.R.Tolkien

Editado: Christopher Tolkien

Tradutor: Reinaldo José Lopes

Ano de lançamento: 2022

Editora: Harper Collins

Gênero: Ficção Inglesa /Britânica

Páginas: 288

Avaliação Prosa Mágica: 5 estrelas 

Obs: Mantive o nome de Morgoth no texto e não Melkor, porque a maior parte dos textos antigos chama o Vala de Morgoth. Melkor parece ser usado apenas quando ele foi criado junto com os outros valar e em harmonia com Llúvatar auxiliou na criação de tudo o que existe.

 

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