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O céu é tão lindo e a noite tão boa


        Parece que já estou ouvindo...

“Pula a fogueira, Iaiá

Pula a fogueira, Ioiô

Cuidado para não se queimar

Olha que a fogueira

Já queimou o meu amor.”

Consegue ouvir o ritmo e a alegria desta música? E com ela seguem o cheirinho do milho cozido na água, com aquela manteguinha derretida por cima, que você olha e dá água na boca.

Sente o cheiro de vinho quente na panela, uma mistura de uva quente, canela, cravo da índia, laranja cozida, um aroma exótico e aconchegante.

Aqui em São Paulo tem o cuscuz paulista. Aquela espécie de “bolo de farinha de milho” bem úmida, com muita ervilha, ovo, pimentão, azeitonas e aquele aroma de sardinha suave. Uma comida bonita, saudável e gostosa demais de se comer.

Pois é, chegou Junho e suas festas encantadas. Tudo tem sabor de infância como no tempo que as escolas faziam a festa com muitas barraquinhas, cadeia com porta de bambu, música na altura correta e nós adolescentes passávamos a tarde e o começo da noite andando de um lado para o outro.

Tinha comida sim, mas não era o objetivo principal da festa. Ninguém, nem os adultos passavam horas nas filas de barracas para se entupir de cachorro quente, churrasquinho e outras guloseimas das festas atuais. Tudo era mais simples, e mais alegre.

As crianças corriam de um lado para outro com seus estalinhos, tentando acertar o pé do colega. Nem as meninas escapavam disso. Os adolescentes, vestidos a caráter, passavam o tempo em bate papos e nas paqueras. Havia um charme, um algo a mais que as festas de hoje não possuem.

A quadrilha, momento máximo do dia, as mulheres vestiam lindos vestidos de chita (um tecido de algodão que recentemente voltou à moda nas decorações de festas). Não havia estas saias curtas repletas de babados, com pessoas dançando algo que não parece a velha e boa quadrilha. (Não que as quadrilhas profissionais de hoje não tenham sua beleza, mas perdeu a simplicidade).

No quintal da minha casa também tinha uma noite de “festa” junina. Meu pai acendia a fogueira e minha mãe fazia o cuscuz paulista e o melhor vinho quente que já tomei na minha vida.

Os amigos do meu irmão sempre estavam lá, eles moravam na mesma rua. Tinha sempre uma caixinha de estalinho e a grande apoteose da noite: o vulcão, que meu pai colocava cuidadosamente no fundo do quintal e acendia, nos mantendo longe por segurança. E quando ele explodia era uma festa de cores e de formas.

Eram tempos de alegria, de simplicidade, de boa vizinhança. Não em um sentido saudosista e datado, mas em um sentido real de emoções.

Então, quando junho chega, sei que é hora de acender a fogueira no meu coração, viver as emoções do presente e agradecer o passado tão especial. Então, “bora lá” colocar o pinhão e o milho para cozinhar, fazer o cuscuz e o vinho quente e se divertir.

Dê o tom da festa, seja feliz e confraternize.

Bom final de semana queridos leitores e “pulem a fogueira”.


Fotos: Pesquisa da internet. Ambas sem referências.



Receita de Cuscuz Paulista com a Isamara Amâncio



Comentários

  1. Eu nasci com bronquite. Segundo me contaram, os primeiros meses de vida foram muito difíceis e certa ocasião, minha mãe, devora de Santo Antonio, fez uma promessa que quando eu completasse sete anos, ela iria mandar rezar um terço, por sete anos, na véspera do dia comemorativo a data consagrada ao santo casamenteiro, o dia 11 de junho. E assim foi feito. Embora ainda criança, lembro dos preparativos para a festa que envolvia todos os parentes e vizinhos. As mulheres preparavam um licor caseiro e no quintal da casa era feita uma grande fogueira. No final da reza, a festa começava com queima de fogos e a colocação do mastro com a imagem de Santo Antonio. A festa durava até altas horas e no dia seguinte a casa parecia uma praça de guerra, mas para minha mãe, aquilo era um presente dos céus. Já estavam pensando na festa do próximo ano. Saudades desta época e da minha querida mãezinha.
    Luis Antonio

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