Queridos leitores e leitoras,
Parece fácil o que vou dizer aqui, mas não
é. Algumas pessoas imaginam a vida glamourosa de um escritor.
Levanta de manhã, toma o seu desjejum,
senta em um escritório lindo cercado de livros e começa a escrever,
imediatamente, sem dúvidas, sem questionamentos, sem brancos. Apenas inicia a
escrita como se abrisse a porta de um guarda roupa e pegasse um pedaço de texto
pendurado em um cabide.
Ledo engano.
Como escritora possa dizer que não há
fantasia maior que essa. A vida de um escritor é tentar, tentar e tentar.
O que eu quero dizer com isso é que o
escritor não se senta em um belo escritório, arrumado, repleto de livros. Quase
sempre é na mesa da sala, com seu laptop, cercado do ambiente familiar e isso
inclui campainha tocando, pessoas falando e outras intempéries do cotidiano.
Porque ele está em casa, e não tem como fugir disso.
A mesa da sala nem sempre tem a altura
adequada, e quase sempre o escritor ao fim do dia está com os braços e mãos
doendo, não pela digitação, mas pelo absurdo ergonômico que se apresenta.
E, de todas as fantasias, a que mais se
aproxima da ficção é que o escritor senta e escreve.
Não conheço ninguém que faça isso.
Posso dar um exemplo, que sinto na pele nos
últimos meses.
Sim, sento em frente ao computador todas as
manhãs, religiosamente de segunda a sexta. Sim, quero escrever e estou em busca
de um novo romance. Zero ideias, frustração, tristeza, sentimento de
incompetência e uma avalanche de outros sentimentos que se acumulam enquanto se
busca algo para se trabalhar.
Então, a primeira lição que dou para quem
quer ser um escritor:
- Ideias não dão em árvore, não caem na
cabeça da gente. Elas são escassas e raras, como gemas preciosas.
A segunda lição vem dos sentimentos:
- Você vai se sentir um incompetente, vai
se frustrar, vai se defrontar com seus piores fantasmas. Se resistir a batalha
será um vencedor, se não resistir terá uma depressão.
Terceira lição, a que se aprende a duras
penas:
- Seu texto sempre estará ruim, nunca será
o suficiente para você. Então, aprenda a exigir menos, faça e avalie depois.
Escrever é um ato de amor...e de loucura.
Quarta lição:
- Não adianta esperar ter o lugar ideal, a
hora certa, o ambiente adequado. Escreva onde estiver com o que tem. Se for uma
caneta, use-a; se for um teclado, escreva; se precisar se isolar no banheiro,
leve um caderninho e desenvolva o texto lá. Não deixe passar a oportunidade
quando ela vier.
Quinta e última lição:
- Não pare de escrever nunca. Escreva nem
que for uma única linha por dia. Quando você se afasta da escrita ela demora em
retornar, fica olhando de longe como um cãozinho rejeitado que você abandonou e
que agora quer de volta. Lembre-se, cachorros não perdoam, eles até podem
voltar, mas nunca confiarão plenamente em você novamente. Então, trate seu dom
da escrita como uma joia rara que precisa ser preservada.
São esses os conselhos que desejo dar a
qualquer um que goste da escrita. Eu parei de escrever há alguns anos por uma
série de problemas pessoais que exigiam de mim muito mais do que eu podia dar,
então escrever ficou para segundo e terceiro plano. Tinha parado até com este
blog aqui, mas agora, aos poucos, ele voltou a confiar em mim. No entanto, o
romance que tanto quero escrever continua por ai, escondido olhando para mim
com aquela carinha desconfiada e se questionando:
- Confio nela outra vez?
Eu sinceramente espero que sim.
Bom final de semana.
Foto: Papel de Parede do Windows 8.
Fantástica sua publicação. Passei por isso e entendo perfeitamente está sensação. Estou a espera do seu novo livro. É ele que a levará a ser reconhecida pelo seu grande talento. Parabéns amiga. Luís Antônio
ResponderExcluirObrigada Luis, é sempre um prazer ler seus comentários aqui.
ExcluirSei bem da dificuldade que a Soraya relata nessa publicação. No convívio do lar, quando não se tem o espaço adequado é preciso fazer concessões e se adaptar ao que tem. E o mais importante é não desistir nunca.
ResponderExcluirObrigada por comentar. Sim, o importante é não desistir nunca.
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