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A visão sistêmica da vida


Há muitos anos, na minha graduação em Publicidade e Propaganda, um professor me apresentou Fritjof Capra quando fui perguntar a respeito do mestrado que eu queria fazer e acabei não fazendo. Lembro-me exatamente das palavras dele naquela época:

“Soraya, você pode fazer seu mestrado em semiótica, mas antes de tomar esta decisão você precisa ler O Ponto de Mutação e O Tao da Física. Eles estão muito a frente do assunto que você quer estudar, com certeza é muito mais a sua área.”

Sempre fui curiosa e também respeitava demais as indicações e comentários deste professor. Fui atrás dos livros e não me arrependo.

Iniciei a jornada pelo Ponto de Mutação, um livro tão “redentor” que me fez repensar minha trajetória no mundo e também me levou a tomar tantas notas nas margens do livro que mal sobrava espaço. Infelizmente emprestei o livro para um ex-chefe e ele nunca me devolveu. Hoje gostaria demais de ler as considerações de uma Soraya de 35 anos atrás sobre este tema.

Dito isto, fica claro minha grande admiração por Capra, o que me levou a enfrentar o desafio de ler as mais de 600 páginas de A Visão Sistêmica da Vida. Confesso que iniciei em Junho de 2022 e desde então venho estudando a obra.

É um trabalho complexo, fruto de mais de 40 anos de estudo do autor. A Visão Sistêmica da Vida reúne trechos e conhecimentos contidos nas outras obras dele, acrescidos de uma reflexão contemporânea tão necessária em tempos de climas extremos, fascismo político e pobreza material e intelectual tão generalizadas.

Somente a introdução de Oscar Motomura, fundador e diretor geral da Amana-key, daria algumas palestras e debates, por ela você tem a real ideia do que te espera na leitura. Cito um trecho desta introdução.

Degradação do meio ambiente, mudança climática, fome, desigualdade, guerras, violência, sucessivas crises econômicas. Seremos capazes de resolver esses grandes problemas globais de nossa era?”

Quem de nós nunca fez estas perguntas?

Capra e Luigi nos dão pistas de como solucionar este problemas, e o quanto é importante uma adequação da educação de forma que mudemos nossa maneira de pensar e agir.

Eu diria que cada capítulo da obra é um livro a parte que nos dá arsenal suficiente para uma busca ativa por novas informações sobre o tema.

Capítulos como “O que é a vida?”, “Mente e Consciência”, “Ciência e Espiritualidade”, “A visão sistêmica da saúde” etc, estão repletos de reflexões e meios para que, cada um de nós, possamos fazer mudanças verticais e horizontais em nossa existência.

Não se engane, não é um livro de autoajuda muito pelo contrário. Capra não está apresentando um texto fácil, um guia de vida, mas elementos que nos obrigam a reduzir a marcha e praticar a leitura e releitura atenta, com reflexão. Levei mais de um ano entre indas e vindas na leitura, e o livro pede para ser relido.

Capra é um grande divulgador científico e assim como Marcelo Gleiser, ele acredita que uma população informada e formada na ciência tem uma capacidade maior de discernimento. Marcelo Gleiser é mais científico em seus livros e poético também; Capra envereda pelo misticismo sem se desviar da ciência.

Recomendo o livro para quem não se contenta com respostas prontas ou para a falta delas,  ou então para quem olha o mundo e diz:

- Como assim?

É uma leitura desafiadora, mas a compensação final é tão grande que vale todo o esforço.

Se você já leu, me conta sobre sua experiência e caso não tenha lido:

- Aceita este desafio?

 

Título: A Visão Sistêmica da Vida. Uma ConcepçãoUnificada E Suas Implicações Filosóficas, Políticas, Sociais E Econômicas

Autor: Fritjof Capra e Pier Luigi Luisi

Tradutor: Mayra Teruya Eichemberg e Newton Roberval Eichemberg

Ano de lançamento: 2014

Editora: Cultrix

Gênero: Ciência/Filosofia

Páginas: 616


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