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Chá com Tâmaras


Ontem eu li o seguinte texto: “O amor é uma linguagem de construção, evolução, dignificação da pessoa, de renovação. Portanto, é exatamente o fermento da evolução.” 1

Então eu me lembrei de uma reportagem no telejornal, logo no inicio da semana. Quem não se lembra da grande tragédia ocorrida no Marrocos!  Cidades inteiras vindas abaixo em pouquíssimos segundos, deixando pessoas sem nada, milhares de mortos, sem comida, água e o necessário para a subsistência. Aqui em nosso país também houve uma tragédia muito grande no Sul do Brasil.

Voltando ao Marrocos, mesmo diante de tanta dor, pareceu me que o povo é extremamente resiliente. Não vi pessoas gritando, se acabando em chorar. Vi pessoas fortes, que mesmo diante de uma tragédia deste tamanho vai reconstruir suas vidas e sem reclamar. Isso me chamou a atenção, porque é cultural, está contido dentro do conjunto cultural que esse povo construiu ao longo de toda a sua existência na face do planeta.

No entanto, o que me chamou mais a atenção, e isso tem a conexão com o amor, foi um homem, em sua tenda improvisada já que tinha perdido sua casa e seus bens. Em meio ao caos ele teve o cuidado de preparar um pequeno lanche para as equipes de reportagens que passaram o dia todo fazendo a cobertura do acontecido.

Na mesa copos com chá, provavelmente os que sobreviveram ao terremoto. Em pratinhos pequenos algumas guloseimas que são comuns naquele país, como as tâmaras. Ele chama a repórter com um sorriso no rosto e oferece o alimento, talvez o pouco que ele tenha. É resiliente, e seu olhar parece se alongar além de seu drama pessoal, seu olhar se dirige também aos outros. Sabe em seu coração que seu futuro recente não será fácil, mas também percebe as “pequenas tragédias” que compõe a vida de cada um.

Amigos leitores, se isso não é o verdadeiro amor, confesso que não sei o que seria.

Esse é o amor que dignifica e constrói, que faz ver em nós seres humanos, a esperança de evolução.

Fico pensando em quantas “xícaras de chá” oferecemos em nosso cotidiano a outras pessoas que estão precisando deste carinho? Alongamos o nosso olhar ou apenas nos preocupamos com nosso umbigo?

A imagem ficou na minha cabeça e nunca mais sairá de lá. Talvez, de agora em diante, todas as vezes que me ver diante de situações muito difíceis irei me lembrar do marroquino e sua enorme hospitalidade.

E você leitor, também viu esta reportagem? O que sentiu na hora?

Um final de semana de olhar alongado e de muita pratica do amor.

 

1 – Na busca do meu ser, a indeterminação e a incerteza. CRUZ, Maury Rodriguesl. Pelo espírito de Antonio Grimm. SBEE. Pág. 18



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