Minha formatura da ESPM aconteceu em 31 de agosto de 1987. Uma noite feliz por muitos motivos. Era o final de um ciclo, estava cercada de amigos, que tenho até hoje. E, para completar a alegria nossa formatura aconteceria no MASP com a presença de Pietro Maria Bardi, Ricardo Ramos, Paulo De Laurentis e outros grandes nomes que na época eram professores da faculdade. Quanta honra!
A ESPM sempre foi uma
faculdade diferenciada, que surgiu de grandes cabeças pensantes, mudou de lugar
algumas vezes até chegar a grandeza de hoje. Eu estudei na sede que eles tinham
no Bexiga, ao lado do antigo teatro Záccaro.
Lá, entre aulas e fugas para o teatro, assistíamos de vez em quando ao programa
apresentado pelo Fausto Silva, que se não me engano chamava-se Perdidos na
Noite.
Foram momentos felizes,
produtivos de aprendizado gigante, e também tínhamos tempo para os amigos, para
“curtir” nosso período de jovens estudantes. Não tinha celular, não tinha
whatsApp para o espanto das turmas de hoje, mas tínhamos livros, professores
incríveis e o companheirismo.
Depois da formatura passamos
a ter encontros anuais, sempre na mesma data. Era impensável que a turma de 87
nunca mais se visse. E assim acontece até os dias de hoje.
Não fui a todos, mas
guardo lembranças maravilhosas daqueles em que compareci. Boa conversa, rostos
mudados pelo tempo, cultivados na maturidade que angariávamos. Encontros sempre regados à
boa comida, vinho e algumas vezes um sanfoneiro que não nos deixava conversar.
No entanto, tem um
episódio hilário, provocado pela minha total e absoluta distração.
Naquele ano o encontro
seria em um bar na rua Rui Barbosa. Estava animada, tinha organizado tudo para
sair mais cedo do trabalho, passar em casa, me produzir e ir para lá. Pontual,
como sempre. Não encontrei ninguém, mas como o meu hábito era chegar cedo, isso sempre me pregava peças. Procurei uma mesa, avisei que estava lá
e fiquei no aguardo.
Preciso lembrar que não tinha
whatsapp naqueles tempos, somente um celular que nem sempre funcionava a
contento.
- Desmarcaram o encontro e
não me avisaram! – Foi o que pensei na hora.
Aguardei, depois tentei
aproveitar a noite, até que inconformada fui embora para casa.
No dia seguinte, mesmo com
uma gripe de ficar de cama, ligo para o amigo.
- Vocês desmarcaram o
encontro? – Eu falava com uma voz que dava ares de desaparecer.
- Claro que não! Você vai
hoje à noite?
Foi neste exato momento
que a ficha caiu. Fui ao encontro um dia antes, acreditando que estava na data
correta, e o pior, não teria como ir à noite já que estava com uma gripe muito
forte.
Lembro-me deste fato com
muitos risos até hoje.
Este Sexta de Prosa é
sobre essa turminha especial, que acompanha minha vida desde que entrei na
faculdade. Sobre cada rosto, cada vida, cada encontro, cada ponte construída
entre nós. E também, é para lembrar você, leitor, que a única coisa importante
que levamos desta vida são as experiências, os relacionamentos, o que ensinamos
e aprendemos com as trocas.
Boa sexta feira. Que o seu
final de semana tenha o sabor das amizades, da alegria e de boas trocas.
Foto: Professores, diretor da ESPM Francisco Gracioso e Diretor do MASP Pietro Maria Bardi
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