Ok! Eu deveria ter chamado este texto de A Paz, mas foi o seu exato oposto que me levou a escrever esta postagem.
Não há inspiração que sobreviva a tanta
barbárie, ao choque de ligar a TV, abrir o jornal e ver mais uma vez, de uma
forma brutal, pessoas serem mortas em suas casas, em festas, em templos
religiosos.
O ataque daquele grupo de terroristas foi como
uma bomba atômica jogada de forma cruel e sádica. Não tem justificativa
“histórica” que se sustente.
Sabe, quando você mora fora do seu país por
um tempo, especialmente Londres, acaba
conhecendo pessoas de todos os lugares do mundo. Então, as notícias passam a
ter rostos, vozes, risos e olhares de cada uma das pessoas que conhecemos. O
terremoto da Turquia teve o rosto daquele rapaz engraçado que vivia brincando
na aula; o ataque terrorista a Israel tem a face da senhora judia simpática que
me acolheu em sua casa e de todas as pessoas com as quais eu convivi quando
morei em Golders Green, um bairro
tipicamente judeu em Londres.
Também tem a conversa fluida e simpática do
taxista palestino que me levou ao aeroporto, da Ucraniana divertida, da alemã
que era minha companheira de almoço no Pret
a manger, da saudita simpática que entrou no meio do curso e de muitas
outras pessoas de diferentes nacionalidades que fizeram parte da minha história
naquele momento.
Na maior parte das vezes, as pessoas olham
a TV, o noticiário e veem a massa. É
algo virtual, não tem realmente uma proximidade, a não ser que você tenha
qualquer conexão com o país que está na telinha.
Claro que existe empatia e tenho certeza
que não existe um ser humano que não se sensibilize com a dor do outro. No
entanto, quando você coloca um rosto conhecido a comoção é bem maior.
Onde estas guerras começam? (Estas com “T” sim, porque elas são
próximas de nós como seres humanos).
Começam no nosso dia a dia, na intolerância
com o diferente, na impaciência, na falta de empatia e no orgulho. Todas as
vezes que agimos assim, uma pequena guerra começa, mesmo que não percebamos.
Atitudes negativas são como guarda-chuvas
em dia de sol. Quando você abre cria um cone de sombra que vai te acompanhar
enquanto você o mantiver aberto.
Quantos guarda-chuvas você abriu hoje?
Um guarda-chuva puxa o outro, e outro e mais outro e de repente você tem uma
multidão dentro dessa escuridão. Se isso não resultar em uma guerra, vai trazer
doença, depressão e outros males.
Se você abriu um guarda-chuva por
intolerância, por irritação, falta de paciência, feche imediatamente; olhe o
sol, banhe-se com a luz e contribua com a positividade no mundo.
Sabe, pode ser que você não tenha um rosto
ou um sorriso escondido no meio de uma guerra, mas o que você faz aqui, neste
Brasil, pode contribuir para que mais pessoas fechem o seu guarda-chuva.
Neste final de semana faça como o homem da
foto, abra seu guarda-chuva de coração e ame sem medo.
Bom final de semana.
Foto: Recebi esta foto por WhatsApp. Sem identificação de autor.
Querida Soraya, seu texto é perfeito na forma e no amor que expressa. Obrigada por nós dar sua inteligência, vivência e carinho. Quisera ser uma escritora como você. Fala com leveza de algo tão profundo. bjs.cly. de
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