É o mês do Natal e fico pensando nas pessoas invisíveis.
Pode ficar sossegado que não estou em
contato com o sobrenatural ou coisa parecida, também não estou precisando de um psiquiatra.
Por invisíveis penso naquelas pessoas que
são ignoradas por todos, por aquelas pessoas que estão largadas pela família,
ou que habitam pontes, marquises e ruas de nossa cidade.
Tem também aquelas pessoas como os
varredores de rua, que a maioria de nós passa por eles e não enxerga, não olha
no rosto, não diz um bom dia, boa tarde.
Deve ser triste ser invisível, e bem ao
contrário da literatura, que coloca na maior parte das vezes o “ser invisível”
como um dom, na vida real é um peso, uma marca.
A cidade está decorada, as luzes estão
acesas nas casas, nas lojas, nos restaurantes e por todos os lados o espírito do
Natal se espalha, mas imagine por um só instante o sentimento destas pessoas.
Imagine o idoso, que a família despreza, ou que jogou em um asilo qualquer, ou
então que mora na casa mas não tem voz, não tem presença, é como um estorvo que
anda. Ninguém olha, ninguém senta para conversar, ninguém se interessa pelas
histórias que esse idoso tem para contar, pela vida dele, pelos medos e
tristezas que passam naquele coração. É invisível para a família, como um
sapato velho jogado no fundo do armário do quartinho dos fundos da casa.
Pior ainda aqueles que morrem sozinhos
dentro de suas casas e são descobertos muito tempo depois, porque ninguém se
importa com eles, com foi o caso da idosa inglesa, em 2014, encontrada morta
seis anos depois. Parentes e vizinhos não se preocupavam com ela. Era mais uma
pessoa no meio de uma multidão de invisíveis.
Pense nas pessoas que vivem nas ruas,
jogadas, sem família, sem saber se terão algo para comer até o final do dia, ou
um lugar para banhar-se, e um local tranquilo para dormir sem medo de serem
hostilizados. São invisíveis, e a sociedade parece não se preocupar com isso,
faz leis para que elas possam viver nas ruas, nos beirais dos prédios, embaixo
de viadutos frios e sujos, brigam por isso. Fico perplexa com tudo isso, quando
vejo todo esse debate na imprensa, quando a verdadeira atitude deveria ser a de
criar mecanismos para que elas tenham onde morar, um trabalho digno, alimento,
água, roupas limpas para vestir. É indigno lutar para que elas continuem nas ruas.
Imagino as mulheres que vivem sob o jugo da
violência em suas casas, sem alternativas ou por conta do sustento ou por
outras causas. Das crianças que são jogadas de um lado para o outro pela
família, que nunca tem tempo para elas, que nunca param para ouvir as histórias
delas, os medos. São crianças que passam as férias escolares na escola quando
deveriam estar brincando, acordando mais tarde, usando a roupa de ficar em casa
e de se sujar toda mesmo morando em um apartamento. Triste infância que vive
desta forma, crianças da carência.
Há os porteiros, a mulher do cafezinho, os
faxineiros e toda uma classe de trabalhadores que ninguém vê, nem cumprimenta,
nem olha, e quando olha é para reclamar, para falar mal. Triste essas pessoas invisíveis
que mantém nosso bem estar e nem percebemos que elas estão lá.
São tantos invisíveis neste mundo que
parece vivermos em duas realidades diferentes, dois universos paralelos que não
se cruzam.
Porque deste texto agora? Porque falar
deste assunto hoje, mesmo que eu pense nele o ano todo?
Bem, quem sabe você que está lendo se
sensibilize e faça com que as pessoas invisíveis ao seu lado fiquem visíveis, e
isso é tão fácil. Bom dia! Boa Tarde!
Obrigada! Que bom que você está aqui? Precisa de alguma coisa?
E, em relação àquelas pessoas que estão
fora do alcance da sua ajuda, em primeiro lugar não as despreze e faça sempre
muita reflexão:
- Se fosse você qual seria a sua
preferência? Que alguém permitisse que você ficasse na rua ou que te dessem
condições imediatas de dignidade, ou seja, segurança para morar e trabalho respeitável?
Um lindo final de semana repleto de reflexões e de descobertas do invisível.
Imagem: Esta imagem eu
tirei do site da CVV. Não havia referencia de autor. Se você souber o autor da
imagem, por favor me avise para que eu possa colocar os devidos créditos.
Está publicação posso entender como um grito de revolta. Realmente Oi s invisíveis estão por toda parte, creio que todo mundo, em algum momento, se sente invisível. Está não e uma escolha, simplesmente acontece e quando se percebe, tudo que importava já não serve mais. Muito triste e profundo seu texto. Faz a gente olhar o mundo de outra não. Abraços
ResponderExcluirDe uma certa forma, todos somos invisíveis. Não passamos de nada para o outro, seja ele o Presidente dos Estados Unidos, seja ele o mendigo da praça da sua cidade.
ResponderExcluirA verdade é que ninguém se preocupa com ninguém e todo mundo só quer saber do próprio umbigo.
É muito triste todas estas situações: as pessoas estão sem amor no coração e o amor é tão importante , onde seríamos mais próximos por amor e ajudar o seu próximo , um olhar , sorriso , afeto com certeza o mundo estaria bem melhor e principalmente Deus no coração 🙏🏻
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