Quando aos 13 anos, junto com uma amiga de escola, decidimos adaptar uma peça de Shakespeare, “Sonhos de uma noite de verão”, que eu mal conhecia, não imaginei que um dia me tornaria escritora.
Lembro-me dos encontros, da escrita a mão e
dos diálogos que acrescentávamos no texto do alto de nossa adolescência. Ainda
vejo aquele texto mimeografado e os ensaios que fazíamos na garagem de casa. A
peça nunca foi encenada em público.
Eu já tinha ousado na escrita através de
pequenos versinhos, de diários escondidos no caderno de educação física, textos
que falavam das novelas que eu gostava, do garoto que tinha virado meu “primeiro
amor não correspondido”. Tudo isso escondido, com vergonha que alguém lesse.
Também na minha adolescência, ao lado da
prima Adriana que vinha passar uns dias em casa nas férias, reescrevíamos capítulos
da novela em voga “Escrava Isaura” e junto de algumas piadinhas bobas que meu
irmão contava, encenávamos durante a noite para um pai e uma mãe pasmos com
aquelas cenas.
Penso que a escrita está no sangue, não
como um talento nato, mas como uma necessidade de se expressar. Escrever nos
eterniza para a humanidade, nos faz mais humanos, nos conecta com o mundo, com
as coisas e, quando compartilhado, nos conecta com os outros.
Porque alguém se torna escritor? Não sei
dizer. Você simplesmente se torna porque aquilo faz parte da sua alma.
Hoje, do alto da minha maturidade, vejo que
o teatro foi a minha grande escola da escrita. Meus textos são recheados de diálogos.
Não consigo pensar em um personagem sem imaginá-lo por completo: qual é a cor
dos olhos, do cabelo, quais são suas comidas favoritas, o que sente, como
pensa, etc.
Escrevi muitas peças de teatro, a maioria
foi estocada na lixeira. No entanto, elas me ensinaram a olhar os personagens e
pensar neles como seres completos. Pergunte para mim sobre qualquer um deles e
saberei dizer até de que lado da cama eles preferem dormir.
Quando falo da escrita falo do amor, da
dedicação e do desprendimento, porque mesmo aquelas pessoas que escrevem sobre
terror, colocaram um pouco delas no texto.
E você leitor, tem alguma história com a escrita? Comente comigo.
Um final de semana feliz e bem escrito.
Foto: Máquina de escrever antiga. (Sem referência de autoria)
Seu texto me fez lembrar quando tinha 14 anos, houve na aula de português, uma discussão sobre o que fazer para homenagear o Dia dos Professores. Eu era um aluno tímido, mas ergui a mão e sugeri que devíamos encenar uma peça de teatro. A professora gostou da ideia e incentivou a criar este espetáculo, desde que alguém da classe se responsabilizar em escrever o texto. Tremendo desafio! A classe toda se voltou para mim e eu fui o escolhido para tal missão. Com ajuda de alguns colegas, escrevi a peça baseada num filme que era sucesso na época, "Ao Mestre, com Carinho". Fiz o texto e fui o diretor, iluminador, puxador de cortina e tirei a nota 10 na matéria de português. Que boa recordação.
ResponderExcluirLuis Antonio