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Críticas? Não se deixe levar por elas.


Recebi um e-mail esta semana que me estimulou a voltar à escrita. Era um texto de caráter “super pessoal” no qual o autor (um grande escritor) conta um pouco de suas experiências, reminiscências de família, partindo das lembranças que um livro provocou nele.

Tinha desanimado da escrita, verdade seja dita. Mesmo sendo escritora e professora de escrita criativa estou sujeita aos altos e baixos que todo ser humano passa em sua vida. O e-mail com aquele texto incrível mudou o rumo.

Fiquei refletindo sobre o caráter da escrita. Não a comercial, a escrita publicitária cujo texto sempre tem um objetivo de concretizar a venda de algo, seja um produto ou uma ideia. Penso na Escrita Criativa, aquela que constrói romances, contos, poesia, diários, cartas, artigos e crônicas de jornais e blogs.

Não sou ingênua a ponto de pensar que nós escritores escrevemos ao léu, longe disso. Queremos ser lidos, gostamos da interação do leitor, de comentários, mas daí a pensar que o escritor, para ser lido, precisa enquadrar sua criatividade para saciar um público alvo! Não, isso seria fazer texto publicitário e não literatura.

Nem as telenovelas estão resistindo a esta ditadura de enquadre. Sou noveleira e a cada ano percebo que a TV foca mais na pesquisa de público para desenhar o caminho da trama, porque telenovela é obra aberta, e a cada dia a qualidade vem decaindo e com isso a audiência. Tanto é verdade que a Globo está apostando em Edições Especiais ou Remakes de novelas de sucesso.

Já imaginou Machado de Assis compartilhando Dom Casmurro com o público e perguntando o que eles achavam da trama? Consegue imaginar o final dele e de Capitu? Seria um desastre.

Tudo isso para dizer que o escritor é sempre pessoal. Escrever é desnudar a alma, não me lembro quem disse isso, mas concordo plenamente.

Não mude a sua ideia apenas porque alguém disse que não gosta do personagem que você amou ao escrever, ou então porque seu texto estava pessoal demais, não se foque pelas críticas e nem se deixe bloquear por elas. Pare, pense, reflita sem deixar que a emoção comande seu pensamento. Muitas vezes criticas são faróis que te apontam novos caminhos, mas elas nunca deverão ser as amarras que te seguram no porto.

Voltando ao texto do e-mail que me encantou por sua verdade, pelo seu caráter tão pessoal e que me trouxe uma lição que compartilho com vocês:

- Escreva sem pudores, sem se deixar influenciar pelo outro, sem a preocupação de agradar. Se você estiver em consonância com suas convicções, com o “seu verdadeiro eu”, seu trabalho será brilhante.

Bom final de semana!

Comentários

  1. Querida, penso exatamente assim. Não consigo escrever com amarras e dessa forma, tenho evitado os cursos com suas programações fechadas, voltadas ao marqueting.Estou terminando a Trilogia. Pretendo parar de escrever.Nao sei ser outra pessoa. Bjs.

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    Respostas
    1. Clicie, passei parte da minha vida trabalhando como redatora publicitária e agora estou em outro momento. Sim, tem muito curso por aí que acaba se focando apenas no Marketing, apesar de vender algo diferente.
      Duas coisas: 1 - Não pare de escrever. Você é uma escritora brilhante.
      2 - Se você quiser se reciclar tem o curso do Tiago Novais "A Preparação do Romance". É um balsamo para quem deseja se aperfeiçoar na escrita. Muita literatura e trocas entre os participantes. Recomendo.
      Abraços e obrigada por comentar.

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  2. Obrigada.... Vou pensar.bjs.

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