Ando sem muita inspiração para escrever apesar da paixão pelas palavras. Algo parecido com a situação quando você já está há um longo período namorando uma pessoa e precisa de um tempo para repensar a relação, não por que deixou de estar apaixonada, mas porque a vida muda e você precisa readaptar, reinventar a sua relação dentro destas mudanças.
Escrever para um blog é assim. Tem uma dinâmica, uma fluência, um algo mais que precisa ser revisto de tempos em tempos. Mas esta semana algo aconteceu, algo similar a sensação que sentimos quando um belíssimo sol se abre no final da tarde depois de passarmos o dia todo com o céu cinzento e um frio enregelante em nossos ossos. Uma imagem poética que inspira.
Poesias a parte, a revista Veja finalmente publicou uma matéria que derruba o tabu de que nossos adolescentes e jovens adultos não lêem. Ufa! Já era tempo de um veículo de peso dizer isso! Comentei sobre o assunto em 19 de julho do ano passado inspirada pela imprensa internacional, especialmente na Inglaterra, afinal Harry Potter é patrimônio cultural dos britânicos.
Por que será que a ideia de que a avalanche Harry Potter não criaria novos leitores tomou voz em alguns críticos? Onde eles estavam com a cabeça quando imaginaram isso? Será que esqueceram que ler provoca um prazer tão grande que se torna viciante?
Casos como a do jovem Iris são extremamente empolgantes, principalmente se levarmos em consideração que há seis meses tento formar um Clube de Leitura e não consigo adeptos, a não ser por duas fieis amigas, e ela (Iris) conseguiu reunir 20 para debater Orgulho e Preconceito, de Jane Austin. Como se não bastasse isso, ela conseguiu a façanha de ter seu livro publicado por uma editora nacional, a Draco. Em 12 de junho sai seu livro de contos intitulado “Anjos”.
É fato que os hábitos criados na infância são levados para toda a vida, então um ávido leitor de Harry Potter, Percy Jackson, com certeza passará por títulos como Crepúsculo, Imortais, etc e chegará aos clássicos de Kafka, Jane Austin, Erico Veríssimo.
A Veja também publicou alguns gráficos de possíveis trajetórias que um leitor de livros tidos como “fáceis e banais” podem fazer. Há boas indicações lá como “Senhor dos Anéis, de J.R.R.Tolkien”, “O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo”, “Moby Dick, de Herman Melville”, “Odisséia, de Homero”, “Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca”, “Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust”, “Drácula, de Bram Stoker” dentre outros.
Eu acrescentaria a lista “Drácula, de Mary Shelley”, “Os Miseráveis, de Victor Hugo”, “Pergunte ao Pó, de John Fante” , “Século das Luzes, Alejo Carpentier” e alguns escritores Ingleses.
A escola infelizmente nos afasta da leitura através dos livros obrigatórios que somos obrigados a engolir e depois despejar em um prova sem sentido. Até hoje não consigo ler Jorge Amado por que fui obrigada a isso, ou os clássicos “Os Maias”, e “Memórias Póstumas de Brás Cuba” porque professores não tiveram a sensibilidade de contextualizar ou perceber que seus alunos de 15 anos não estavam preparados para este tipo de literatura. Ainda bem que a leitura foi algo que minha família estimulou, senão estaria como uma parte de meus ex-colegas de escola – totalmente afastada dos livros.
Então, em boa e sonora linguagem Harrypotteriana:
– Avada kedavra ao conceito errôneo que a internet acabou com a leitura.
- Lumus totalis para todos aqueles que acreditam que os jovens não lêem.
Finalmente
- Vulnera Sanentur, para toda a crítica que com suas palavras desconstroem os bons livros que são publicados hoje, e que formarão os leitores de amanhã.
A revista Veja disponibiliza em seu site o conteúdo sempre na sexta feira posterior a publicação.
Muito bom seu texto, amei lê-lo, fluiu como água. Assunto interessante e muito importante. Também não acredito que a internet vai desestimular a leitura, são mídias complementares e não excludentes.
ResponderExcluirTambém sei que jovens que são estimulados a ler , lêem para o resto da vida. bjos e parabéns.
Como eu já previa, seu texto sobre a materia que revista Veja publicou ficou excelente. Os livros citados são otimos, mas tem uma autor brasileiro que já esta "fora de moda", que é, na minha visão excelente e que a juventude ou melhor, que todos que gostam de uma boa leitura, deveriam conhecer: José Mauro de Vasconcelos. Ele escreveu inumeros romances, alguns foram grandes sucessos, como Rosinha, minha canoa ou Meu Pé de Laranja Lima.
ResponderExcluirOxalá que pais, educadores e governantes aproveitem a deixa da Veja e criem caminhos de motivação para que a juventude não faça da leitura uma obrigação e sim um prazer.
Luis Antonio