Autor: João Anzanello Carrascoza
Ano: 2014
Editora: FTD
Gênero: Conto, Literatura Juvenil
Páginas: 64
Avaliação Prosa Mágica: 5 estrelas
Vou
começar esta resenha com um relato pessoal. Anos atrás fui convidada por uma
faculdade para dar aulas de redação e criação publicitária. Lembro-me que na
época, minha única experiência em educação eram as aulas que dei, como
professora assistente, no curso de Laboratório de Criatividade no Senac. Era um
desafio e tanto.
Como
eu sempre gostei de bons desafios, aceitei a proposta e mergulhei na desconhecida
arte de montar o planejamento semestral de um curso e depois desenvolver aula a
aula. A primeira coisa que fiz foi pegar na Faculdade todos os livros
disponíveis e depois correr para uma livraria e tentar ler os que estavam na
ementa e não estavam na biblioteca.
Não
me pergunte como, mas neste processo me deparei com dois livros do João
Anzanello Carrascoza (ele não estava, até aquele momento, na ementa da
faculdade), “Redação Publicitária” e “Evolução do Texto Publicitário”. Foi um
achado. Literalmente foi como receber um abraço de um amigo que nos diz: - Vai
ficar tudo bem. – Já dá para imaginar que virei fã, e li vários outros.
Vendedor
de Sustos foi o primeiro nesta linha de contos e literatura juvenil que li e
não me decepcionei, muito pelo contrário. Queria correr para uma livraria e ler
todos os livros que ele escreveu.
Vendedor
de Sustos é pura poesia em forma de prosa. Frases que embalam, emocionam, nos
trazem lembranças e muitas vezes, nos fazem chorar. Histórias líricas.
O
autor se propõe a observar as pequenas coisas do cotidiano para as quais nos
tornamos cegos por conta da rotina. O primeiro conto já começa com uma frase de
impacto: “Havia tanto silêncio na sala
que, de repente, ninguém mais aguentou ficar calado. A porta da casa foi quem
começou a falar.”
Ele
subverte a lógica dos fatos quando no segundo conto escreve “Era uma vez um pote de ouro que queria
chegar ao fim do arco-íris.” Nas histórias, eles geralmente já estão lá.
Então, Anzanello cria uma trilha de aventuras repleta de poesias, que podem ser
lidas para uma criança pequena ou por um adulto.
A todo o momento o autor parece nos dizer: - Pare, observe sua casa, será que os objetos “falam”? E nesta metáfora nos faz pensar nas portas que abrimos sem ver, nas paredes que estão lá e nunca prestamos atenção, naquele bibelô que compramos e está esquecido em um canto da estante. Todos eles nos contam histórias de nossa existência e de nossos sentimentos.
Há
um clamor para que as janelas sejam abertas e possamos olhar a natureza com
tudo o que nos cerca: os anjos feitos de nuvens, as árvores assustadoras, os pássaros
que nos olham e aquela criança que perdeu a imaginação. Quando foi a última vez que você “viu” seu
anjo?
Quem
compraria um susto por R$1,00? No conto que dá nome ao livro você literalmente
leva um susto bom.
Eu
passaria horas falando deste livro porque ele me encantou com sua
originalidade, com sua delicadeza em “cutucar” nossa imaginação de adulto. Fico
pensando o que ela pode fazer com a imaginação gigante de uma criança.
As
belíssimas ilustrações de Juliana Russo parecem ter saltado de uma paleta de
aquarela diretamente para o papel. Eu teria uma ilustração destas na parede da
minha sala, sem sombra de dúvidas.
Não
preciso nem dizer aqui que recomendo a leitura. E, recordando a resenha da
semana passada: - Receito este livro para falta de imaginação e bloqueio de
sensibilidade.
Leia
e me conte depois.
João Anzanello Carrascoza nasceu em 1962 na cidade de Cravinhos, no interior de São Paulo. É publicitário, professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e da USP, autor de inúmeros romances e literatura infanto-juvenil. Veja mais sobre Carrascoza neste link.
Veja também este vídeo do Itaú Cultural:
Mais uma linda publicação! Você tem o dom de colocar as palavras com suavidade, que faz com o leitor se interesse pelo que esta sendo escrito. No livro em questão, embora não o conheça, nos remete ao um mundo mágico, que curto muito, o da imaginação, e este mundo está muito presente nas histórias infanto juvenil, inclusive levado para as telas de cinema. Por exemplo, esta semana assisti o clássico Mary Poppins e passei 02 horas de minha vida num mundo de magia e fantasia que devia ser a realidade de todos. Parabéns pelas publicações. Seu blog é maravilhoso.
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