Este livro foi um presente de uma grande amiga. Li em pouco mais de dois dias.
Na trama,
que corre em dois tempos diferentes, no presente e no século XVIII, uma mulher
do passado Nella se conecta com outra do presente Caroline, e apesar da
distância que as separa ambas parecem viver os mesmos dilemas.
Nella, a
mulher do passado, manipula venenos e os vende apenas para as mulheres. A
Caroline do presente é uma mulher com um relacionamento fracassado que perdeu
sua identidade por conta de um amor.
A
principio você tem a sensação de ler um livro banal, cuja estória se conecta
com outras muito juvenis. No entanto, com o passar das páginas é possível se
conectar com um universo que pertence única e exclusivamente à nós, mulheres.
(Não estou dizendo que este livro é um livro para mulheres, longe disso).
Quando a
autora coloca Nella vendendo venenos para que as mulheres possam se livrar de
seus maridos, algozes terríveis que as maltratam, que as têm como objetos de uso e descarte, a autora
desnuda de forma brilhante a situação das mulheres ao longo dos séculos.
Tem uma
parte que eu particularmente gostei muito, que é quando Nella explica para “sua
aprendiz” não esperada, Eliza, que ela anota os nomes das mulheres naquele
livro e que a mãe dela, que era Boticária, também anotava, como uma forma de
perpetuar a existência delas, como a única forma de dizer que elas existiram. É
triste pensar que houve tempos em que a única forma de fazer a diferença no
mundo era ser um nome em uma folha de papel.
Já no
presente, Caroline representa a mulher que se sacrifica por amor, que se deixa
levar pelas vontades do marido, que não tem a coragem de tomar as rédeas de seu
destino, isso tudo porque é um ser humano fragilizado e por isso mesmo, facilmente manipuladas pela mente masculina.
É uma trama
que nos leva a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. Nos sofrimentos
de séculos de muitas mulheres que abriram caminho para que hoje pudéssemos
viver da forma que desejamos, apesar de ainda sermos discriminadas e julgadas
nos ambientes em que transitamos.
É uma
estória para se pensar, antes de tudo. A autora não tem um texto literário
complexo, mas é uma grande “contadora de estórias” e nos sentimos ao pé de uma
fogueira, a beira mar, ouvindo uma velha senhora nos envolvendo com sua
conversa.
Não vou me aprofundar em uma sinopse da trama porque incorreria no risco de dar muitos spoilers. Sugiro que leia e assim como eu, que nunca tinha ouvido falar da autora, se surpreenda com as muitas camadas que você poderá escavar.
Sarah
Penner
é uma autora americana. Nasceu e foi criada no nordeste do Kansas. Ela estudou
na Universidade do Kansas e se formou em finanças. Atualmente, ela trabalha em
finanças em tempo integral e é membro da Historical Novel Society e da Women's
Fiction Writers Association. A Pequena Loja de Venenos é seu romance de
estreia.
Autor:
Sarah
Penner
Tradutor:
Isabella
Pacheco
Ano
de lançamento:
2018
Editora: Harper Collins
Gênero: Ficção
Norte-americana
Páginas: 320
Soraya, não conheço o livro nem a autora, mas estou bastante entristecida com as mulheres de hoje que se reduziram ao corpo e se esqueceram que o respeito e a dignidade de mulher estão sendo jogados na lama.
ResponderExcluirCly.