Enquanto a gripe não passa, sigo escrevendo no projeto caminhada, já que ele é mais um projeto de escrita que uma maratona física. Não vejo a hora de voltar a caminhar, muitos lugares para visitar e muitas ideias na cabeça para escrever. Mas, por enquanto a ordem é repouso, líquidos e leitura.
Ontem parte da Europa sofreu um apagão. Fico
imaginando o quanto uma situação dessa alçada é terrível. Aqui no bairro quando
falta energia elétrica já é um caos, a internet fica bagunçada, a geladeira
oscila e quase queima, a falta de comunicação com o mundo exterior é terrível.
Então, vejo Portugal e Espanha ficaram sem
nada, sem luz, sem internet, sem uma forma de se comunicar entre eles e com o
mundo. Estão isolados, reféns de uma tecnologia grandiosa e ao mesmo tempo
frágil.
Já havia pensado nisso antes, mas percebo a
importância crucial de se prevenir, como se esperássemos de repente uma guerra,
um terremoto, um apagão de proporções inimagináveis. O que deveríamos ter em
casa, por exemplo, na falta de energia elétrica?
Velas, com certeza, apesar de que hoje em
dia já se pode contar com luzes de emergência, que você compra em qualquer loja
de material de construção ou nesses aplicativos de produtos que vem da China. É
uma ótima alternativa, mas a partir de um determinado número de horas até a luz
de emergência acaba. O que fazer?
Nada como os velhos e potentes aparelhos que funcionavam a pilha. Uma lanterna e o velho radinho do vovô, ou do papai.
Em Portugal e Espanha as pessoas correram
para ligar os rádios dos carros, porque a transmissão radiofônica dificilmente
será detida. E por lá puderam se informar. Quem ainda tinha um radinho de pilha
não precisou nem sair de casa, foi só ligar e descobrir que o país mergulhou em
um caos.
Interessante pensar nisso, porque muitas
vezes o que ouvimos das pessoas é o quanto as tecnologias novas irão aposentar
as antigas, e não é o que se vê. O e-book iria acabar com os livros impressos,
que o digital iria acabar com o uso do papel, que os celulares e seus
aplicativos iriam reduzir a importância da televisão, que a transmissão digital
das rádios iria aposentar os velhos e bons radinhos de pilha ou elétricos. E
não é o que se vê.
A ideia de que o novo se sobrepõe ao velho
é tão antiga quanto o ser humano na face da Terra, mas não é uma verdade. O
velho se soma ao novo e constrói algo diferente, melhor.
Tem lugares no Brasil, por exemplo, que a
internet não chega. Como você acha que as informações são transmitidas por lá?
Por ondas radiofônicas. Imagine uma casinha bem simples, localizada em um lugar
remoto, com uma família feliz reunida em torno de uma mesa iluminada por um
lampião a gás, ouvindo a música que sai do pequeno aparelho a pilha no canto da
sala. É nessas imagens que vejo a modernidade, porque o planeta não é de todo
igual, porque tecnologicamente algumas soluções são impossíveis em regiões
remotas, então um pequeno rádio faz às vezes de aparelhos sofisticados.
Interessante que pensar sobre este conceito
de que o velho se sobrepõe ao novo reflete muito algumas mazelas da sociedade,
como o abandono de idosos pelos familiares; como o mercado de trabalho etarista
que desvaloriza a experiência dos 50+ e hipervaloriza a juventude, quando
poderia unir os dois e ter o melhor dos mundos.
Precisamos repensar nossos conceitos e
nossas atitudes. Radinhos de pilha também podem ser instagramaveis, assim como
um jovem pode ser extremamente velho por suas atitudes inflexíveis.
Que tal montar seu “kit de apagão”? Mas não
se esqueça dele no fundo da gaveta. Use, verifique a validade, compre pilhas
novas. Talvez você precise do velho para revisitar o novo.
Foto
Pilhas:
Freepik
#Dia 5
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