Ricardo Almeida -Diretor Presidente. |
Há dez anos um site como este
seria algo inimaginável, um sonho para centenas de autores independentes que
batalhavam diuturnamente para ver suas obras publicadas por alguma editora
“tradicional”. No entanto hoje, com a tecnologia e a criatividade de dois visionários,
Índio Brasileiro e Ricardo Almeida, 20 mil autores puderam disponibilizar suas
obras para o público sem nenhum custo, com a qualidade muitas vezes superior de
impressão a que encontramos nas livrarias.
O Clube de Autores conta com
apenas sete funcionários e uma média de preço de venda de oito reais para ebook
e vinte e cinco para impressos (120 páginas), os livros, hoje 21 mil títulos,
podem ser comprados em todo o território nacional, e no exterior (apenas em
ebook).
O currículo dos criadores do
Clube de Autores é de dar inveja. Resumidamente, Índio Brasileiro é
especialista no mercado de Internet. Foi responsável pela StarMedia e fundação
da UOL e hoje trabalha diretamente com empresas de comunicação e internet. É
sócio-diretor do Clube de Autores. Ricardo Almeida é criador do conceito de
Webs Progressivas, da Metodologia Moebius e autor de Mirando Resultados (2001)
e Medindo Resultados (2005). É diretor-presidente do Clube de Autores.
Indio Brasileiro - Sócio-diretor |
A entrevista de hoje é um
mergulho por este mundo relativamente novo da autopublicação (aqui no Brasil) e
convida você, leitor, a um passeio pelo site do Clube de Autores. Pode ter a
certeza que é impossível não encontrar algo que queira ler.
SF. O que é o Clube de Autores?
Você poderia nos explicar como ele funciona?
CA. O Clube de Autores é uma
empresa de autopublicação gratuita para o autor.
Aqui, quem decide se quer ou não
publicar é o próprio autor, bastando clicar em Publique seu Livro e seguir as
instruções que aparecem na tela. Durante o processo, ele cadastrará o arquivo
da sua obra e o nosso sistema contabilizará a quantidade de páginas, exibindo
um custo-base. Sobre este custo, o autor estabelece um valor de direitos
autorais que deseja receber por venda, compondo o preço final da publicação e
colocando-a à venda no site. Quando alguém a adquirir, ela será impressa e
enviada ao comprador ou terá o seu download autorizado (caso se trate de um
ebook).
SF. Quando e como surgiu a ideia de criar o Clube
de Autores?
CA. O Clube nasceu em 15 de maio
de 2009, justamente a partir da experiência dos sócios como autores. De forma
geral, nós já havíamos passado por todos os processos tradicionais de
publicação - desde conseguir patrocínio de uma editora até pagar para ter um
livro em mãos. Essas barreiras, a nosso ver, simplesmente não faziam sentido
nos tempos de hoje. Afinal, se há tecnologia para se publicar, imprimir e
distribuir sob demanda, se há grande oferta de conteúdo e demanda por esse
mesmo conteúdo, qual o sentido de uma barreira financeira tão alta para a
viabilização de um livro? Assim, nós pesquisamos, usamos a nossa experiência em
tecnologia e Internet e, em seguida, lançamos o Clube de Autores.
SF. Quem criou a plataforma de autopublicação? É
especifica?
CA. Nós mesmos - a plataforma é
criada por nós tendo como base a nossa própria experiência e a linha sempre
aberta de comunicação com a comunidade de escritores brasileiros.
SF. Quais foram as dificuldades
encontradas para desenvolver o conceito do Clube de Autores?
CA. Viabilizar um modelo de
impressão sob demanda foi o mais crítico, uma vez que gráficas tinham o hábito
de cobrar por uma tiragem mínima que acabaria inviabilizando todo o projeto.
Uma vez que essa barreira foi vencida, o Clube começou a funcionar de maneira
orgânica e com altas taxas de crescimento.
SF. O Clube de Autores foi o
primeiro site de autopublicação no Brasil?
CA. Não apenas do Brasil, como
também da América Latina.
SF. Best seller para o Clube de
Autores representa uma venda de 500 exemplares. Como vocês determinaram este
número?
CA. Não há uma regra para o que é
ou não um best seller. O que levamos em consideração foi apenas que alcançar
500 leitores em um país como o Brasil é, sem dúvidas, um feito que merece
destaque.
SF. Qual foi o maior fenômeno de
vendas do site? Quantos exemplares?
CA. Por uma questão de política
de privacidade, nós não temos como abrir números de nenhum livro do Clube. Mas
temos, por exemplo, uma obra chamada Vida, de Augusto Branco, que, depois de poucos
meses no ar, acabou ganhando visibilidade internacional e se tornando best
seller no Brasil e pela Europa.
SF. Quais são as principais
vantagens para a autopublicação?
CA. Fora a gratuidade, há a
questão do controle. Aqui, o autor sabe exatamente quanto vendeu, quando vendeu
e quando receberá os seus direitos autorais. Essa relação de transparência é
fundamental para o próprio sucesso do site.
SF. Hoje o Clube de Autores está
se associando com outras livrarias como a Agbook e a Google Play. Existem
outras a caminho? A Amazon seria um bom parceiro para o Clube de Autores?
CA. Sem sombra de dúvidas!
Estamos em negociação com diversas livrarias e o nosso objetivo é agregar cada
vez mais canais e mais visibilidade para os livros do Clube!
SF. A autopublicação é um
fenômeno mundial. A escritora Amanda Hocking, por exemplo, se tornou um best
seller apenas com a autopublicação de e-books. Como você explica esta tendência
e quais são as perspectivas do mercado brasileiro nesta área? O leitor
brasileiro está preparado para esta realidade?
CA. O leitor - independentemente
de sua nacionalidade - gosta de conteúdo com o qual se identifique. Seja ebook
ou impresso, o importante é que ele tenha à disposição uma vasta gama de opções
pelas quais consiga navegar, triar e localizar. O Clube é uma alternativa forte
nesse sentido, como provam os mais de 20 mil títulos que temos nas nossas
prateleiras. Há tanto conteúdo aqui que certamente um leitor conseguirá
encontrar algo feito para ele.
SF. A tradicional Penguin se
associou a Author Solutions. Isso representa um aval a autopublicação? Por quê?
CA. Acreditamos que isso
signifique apenas que outras empresas, mundo afora, começam a reconhecer que há
muito material de qualidade sendo escrito - além de sua capacidade tradicional
de entrega. Autopublicação é sobre isso e sim, acreditamos que se trata de um
aval e um reconhecimento a este novo e fundamental segmento de mercado.
SF. Como você vê a posição do
Clube de Autores dentro do mercado editorial brasileiro?
CA. Hoje, temos quase 10% da
produção de títulos anuais do Brasil. O que isso significa? Que obras
independentes nascem aqui e aqui encontram o seu público inicial. O Clube tem
sido uma porta aberta para muitos escritores que, até então, não tinham muita
alternativa, e esse é justamente o seu papel.
SF. Qual é o seu conselho para o
escritor que quer se autopublicar?
CA. Se publique - não perca tempo
correndo atrás de editoras por anos a fio. Comece você mesmo - mas tendo em
vista que precisará desempenhar o papel de divulgação de sua própria obra,
sendo o seu próprio empresário. As portas da literatura estão mais abertas do
que nunca, mas isso não significa que é fácil se consolidar uma carreira de
escritor.
SF. Deixe uma palavra final aos
meus leitores.
CA. Poucos foram os momentos na
história da humanidade em que se conseguiu promover tanta troca de conhecimento
quanto agora. O Clube faz parte desse movimento que vai além de democratização
do conhecimento e chega à anarquização do conhecimento. Aqui, todos têm o seu
espaço, a sua chance: basta escrever e publicar, gratuitamente. Fazer parte
desse movimento é um grande orgulho para todos nós que, ao longo desses 3 anos,
já vimos tantos casos de sucesso acontecerem. Se você é escritor, a nossa
recomendação é que publique conosco, tirando os seus livros da gaveta. Se é
leitor, mergulhe no Clube e veja as tantas incríveis obras literárias que estão
aqui!
Gostei muito da entrevista, sou escritora no Clube de Autores, e reconheço que foi a melhor coisa que fiz. Meu livro, em poucos meses já está se destacando em muitos quesitos, inclusive de vendas. Me dedico muito e o Clube é um parceirão mesmo. :D
ResponderExcluirNanda Silveira - escritora de O SEGREDO DE EMMA SULLIVAN