Autor: Isaac Asimov
Tradutor: Susana Alexandria
Editora: Aleph
Número
de páginas: 556
Ano
de Lançamento:
1955 (2007 pela Aleph)
Avaliação
do Prosa Mágica:
10
Não creio que o tom de
atualidade de O fim da eternidade, possa ser encontrado em qualquer outro livro
escrito nos anos 50. O livro de Isaac Asimov é um grande tributo às pesquisas
de Einstein e às teorias da comunicação, que vão de MacLuhan até os mais
contemporâneos pesquisadores.
Quantas realidades podem
existir? Há outros “eus” que circulam por realidades paralelas, vivenciando
outras experiências? Há seres nos controlando? Estamos protegidos de uma
catástrofe total de caráter extintivo?
Não sei exatamente o que
se passou na cabeça genial de Isaac Asimov ao criar o belíssimo O Fim da
Eternidade, mas estes questionamentos permeiam seu texto do começo ao fim.
Parece estranho afirmar
que um ficcionista possa explicar um pouco das teorias de espaço tempo de forma
tão simples, sem cair no simplismo de quem não sabe o que diz. O autor consegue
aquele feito com maestria.
Asimov nos apresenta de
uma maneira firme, e com um toque de romantismo, o que seria uma viagem no
tempo, e como o olhar do observador é que constrói a realidade. Não só isso,
ele nos apresenta um olhar crítico sobre a eterna vontade do ser humano de
controlar tudo e de acreditar que sua visão de “um mundo melhor” é a que
realmente tem alguma validade. – tristes dias chamado atualidade.
Em O Fim da Eternidade,
esta vontade vai ao extremo, ao limite do possível, com seres que controlam o
mundo tecendo novas realidades sempre que a que está em vigor não os agrada.
São os chamados Eternos. Em algumas passagens da trama Asimov faz uma reflexão
deste desejo sem lançar mão de uma maniqueísmo simplista, mas buscando uma análise
mais complexa que parte de diversos pontos de vista.
Mas, mesmo se tratando de
pura ficção cientifica, Asimov vai mais fundo e exalta o conhecimento do
passado como passaporte para a construção do novo. E, a figura do técnico
Harlan é o exemplo mais contundente.
Pinçado do Tempo para a Eternidade
e após ser treinado para se tornar um Eterno, Harlan demonstra interesse
profundo pela história e cultura de todos os séculos que já existiram, e
através deles reúne toda a literatura que encontra, e com isso, passa a se
adaptar a cada época que viaja da forma mais adequada possível. Também apura
sua capacidade de avaliar a realidade e escolher o momento exato em que uma
mudança deve ser introduzida. E não é só
isso, o Técnico nos apresenta a publicidade como uma forma de se conhecer o
tempo onde se deve ir. Em uma passagem brilhante, ele explica a seu aprendiz:
“Esses
anúncios (...) nos falam mais sobre os tempos Primitivos do que os chamados
artigos noticiosos, na mesma revista. Os artigos noticiosos pressupõe um
conhecimento básico do mundo sobre o qual estão tratando. Usam termos que não
sentem a necessidade de explicar. O que é uma ‘bola de golfe’, por exemplo?”
Então ele segue explicando
por dedução o que é uma bola de golf, apenas pela descrição no anúncio. É
genial, por que de certa forma é verdadeiro. Na publicidade, os anúncios devem
apresentar não só a emoção, e causar o desejo da compra, mas ele deve também
nos apresentar o produto de forma que o consumidor possa ter uma ideia
completa, sem excessos, sem muito trabalho entre a conexão cerebral do que vê,
ouve e sente.
E, como se não bastasse
isso, o anúncio tem um papel preponderante na trama. Algo que só a mente de um
gênio poderia ter pensado em usar. E, eu me lembro muito bem que foi exatamente
isso que marcou na primeira leitura que fiz do livro, quando era estudante de
publicidade na ESPM. Lembro-me de ter comentado com um professor, e que o
assunto nos gerou a “perda” de um intervalo inteiro e um atraso para entrada na
aula. Guardo até hoje as palavras ditas por ele.
Em O Fim da Eternidade, a
teoria de MacLuhan sobre os meios de comunicação como extensões do corpo humano
vão muito mais além do que o próprio pensador imaginou. No livro de Asimov, o
corpo humano se estende para além do tempo e do espaço. Ele viaja em capsulas
capazes de circularem pelos séculos sem fim; atravessa o tecido que separa
Eternos da Realidade, constrói novos mundos, novas histórias, e quando chega
neste ponto você se questiona se o autor não está se referindo a própria
capacidade do cérebro em criar, e pelo que sabemos hoje, comandar a matéria
através do pensamento.
Tenho consciência que esta
resenha extrapolou os limites de uma resenha literária, mas não poderia de
forma alguma simplesmente resumir e comentar vagamente a trama. Não seria justo
com o autor fazer isto.
Edição do inicio da década de 80. |
Considero O Fim da Eternidade
como o melhor livro escrito por Asimov. Ele não é apenas ficção científica, tem
um cunho sociológico, filosófico e social fortíssimo, que nos leva a questionar
o que vemos hoje.
Em tempos como o nosso,
onde há inserção de conteúdo ideológico em livros escolares, vale a pena ler e
pensar o que faremos para construir outro amanhã, sempre tendo em mente que não
haverá Eternos para introduzir mudanças se errarmos nas escolhas.
E ai, que me perdoem as
pessoas que não gostam de Paulo Coelho, mas como ele diz acertadamente em
Brida: - “O diabo mora nos detalhes”. É melhor prestarmos atenção em tudo o que
fazemos.
Oi, Soraya.
ResponderExcluirEu morro de vontade de ler os livros do Asimov e estou super animada porque, nesse ano, resolvi cortar metade das minhas parcerias para finalmente me permitir ler o que está parado na minha estante!! rs...
Beijos
Camis - Leitora Compulsiva
Camila, que bom que vc terá mais tempo. Creio que irá gostar muito do Asimov.
ExcluirBjs
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAdorei a resenha. Com certeza vou ler eate livro!!!😊😊
ResponderExcluirOi Roberta. Que Legal! O livro é muito bom mesmo.
ExcluirBjs