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Árvore e Folha

A genialidade de Tolkien não está apenas em seus livros de ficção. Ele é incrível porque colocou a arte de escrever em tudo o que fazia na sua vida.  Desde cartas do papai Noel para seus filhos até trabalhos acadêmicos.

Gosto muito de citar Tolkien em minhas Oficinas de Escrita Criativa, porque ele é o exemplo que esta denominação não se limita apenas a escrita de romances, mas a toda uma gama de textos, como cartas, trabalhos acadêmicos, recados etc.

Este livro foi muito esperado. Comprei no pré-lançamento em 2020 e foi o primeiro livro que li durante a pandemia. Porque não escrevi uma resenha sobre ele até hoje? Aqui está uma reposta de múltiplas alternativas. Mas o fato que Árvore e Folha é um livro apaixonante.

O livro "Árvore e Folha" foi publicado originalmente em 1964. Em 2020 a HarperCollins publicou uma edição de capa dura com quatro textos que mostram a grandiosa e diversificada imaginação do autor.

O livro une uma palestra “Sobre Histórias de Fadas”, um conto “Folha de Cisco”, um poema mítico “Mitopéia” e outro de cunho histórico e reflexivo “O Regresso de Beorthtnoth, Filho de Beorthelm” de maneira brilhante. Todos os textos conversam entre si.

No texto “Sobre Histórias de Fadas” Tolkien discute a natureza dos contos de fadas e da fantasia. Ele questiona as pessoas que não veem valor neste tipo de literatura. Muitas vezes ele é altamente crítico ao “falso” conto de fadas (palavras minhas) e separa o que é realmente literatura de qualidade e subprodutos.

Ele destaca a fantasia como algo  difícil de criar, pois o autor precisa ser hábil em fazer com que todos acreditem no que ele imaginou. Cita o exemplo do sol verde, que todos podem ver, mas o escritor precisa criar um sol verde que faça sentido no mundo que ele imaginou.

Tolkien também cita o fato da imagem. A representação dramática muitas vezes ser “assustadora” ou um “subproduto”. E, quando você lê o texto entende a resistência da família  em ver a obra de Tolkien no cinema.

Em Mitopeia, Tolkien abre o texto com a seguinte frase “A alguém que disse que mitos eram mentiras e, portanto, inúteis, ainda que inspirados através da prata.”  O poema reflete uma conversa que ele teve com C.S. Lewis.

“Folha de Cisco” é uma espécie de autorretrato do autor. Tolkien sempre buscou a perfeição, e a quantidade de anotações em seus manuscritos, além da longa demora em publicar o Senhor do Anéis são a prova desta busca incessante.

"O Retorno de Beorhtnoth" traz a tona  o lado mais erudito, fazendo uma conexão histórica com o antigo evento inglês de a Batalha de Maldon. Nele Tolkien discute o heroísmo e a soberba diante de um cenário de Guerra.

O livro é complexo e denso, mas ao contrário do que muita gente diz, pode e deve ser lido por quem não conhece a obra do autor. Apesar de que, acredito ser muito difícil que alguém não conheça ou tenha ouvido falar dele.

Como toda a obra de Tolkien, é um livro para ler e reler.

Autor: J.R.R Tolkien

Tradução: Reinaldo José Lopes

Ano: 2013

Editora: Harper Collins Brasil

Gênero: Ensaio Acadêmico

Páginas: 176

Avaliação Prosa Mágica: 5 estrelas



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