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O Sapo, a árvore e a boca do povo


        Nesta semana encontrei uma postagem no Facebook muito interessante com o seguinte texto:

“Um sapo decidiu chegar ao topo de uma árvore.

Ao saberem da decisão, os outros sapos ficaram lá embaixo gritando - é impossível, é impossível! Sapos não sobem em árvores.

Mesmo assim, o sapo continuou subindo até chegar ao topo.

Mas como?

Simples: o sapo era surdo.

Ele pensava: - todos lá embaixo estão me encorajando, eu preciso chegar ao topo da árvore.

Se você quer alcançar seus sonhos, você precisa ser surdo para pensamentos negativos”.”(1) 

Fiquei pensando no pobre sapinho surdo que queria subir na árvore, e cumpriu seu objetivo e em quantas vezes deveríamos ter sido surdos aos pensamentos negativos vindos da boca do povo ou da “boca” de nosso cérebro.

- Sapinho esperto esse!

Não pretendo me aprofundar no tema pelo lado da autoajuda, mas reforçar um pouco sobre visão de mundo, segundo olhar etc.

Agora cabe contar também, que eu tinha acabado de assistir uma aula sobre o romance, importante gênero literário com uma vocação social, porque gera em nós envolvimento, nos faz olhar a amplitude das coisas, das pessoas, das emoções. O romance nos prepara para situações que dificilmente vivenciaríamos, mas caso elas ocorram teremos prontidão para agir.

Então o sapo se juntou ao romance e acabou virando um post do Sexta de Prosa. Vou explicar.

É que na aula sobre o romance foi falado como este tipo de literatura nos prepara para a vida. Não podemos ter todas as experiências em apenas uma existência que é curta demais, mas podemos vivenciar situações no ato do “mergulho” na trama, do esquecer-se do mundo em que vivemos e do experienciar a história de outros personagens.

Quando leio sobre os esforços de um personagem para atingir um objetivo “impossível”, como acabar com o Sauron (2), por exemplo, consigo compreender a importância de nunca duvidar, de não desistir, de seguir em frente mesmo que você não consiga enxergar onde tudo vai dar. (É o nosso sapinho subindo na árvore)

As pessoas neste século relegaram o romance a periferia, como literatura de diversão e sem conteúdo. Algumas ousam dizer que livros de fantasia como Senhor dos Anéis, Harry Potter ou mesmo os romances de Hemingway e Machado de Assis são bobagens, perda de tempo, que não há nada lá além de “invencionice de cabeças pequenas”. Não poderiam estar mais enganadas.

O romance (em seus mais variados gêneros) nos proporciona uma experiência que amplia nosso olhar, que nos leva a ver o novo. Desta forma, do ato de ler, de ser um bom leitor, vamos percebendo que nosso olhar sai da caixinha do fragmentado e passa para amplitude da complexidade, do encadeamento, da empatia.

- E o sapo nesta história?

Primeiramente o sapo é uma fábula curta, mas reflexiva. A surdez dele pode não ser real, física, pode ser intencional. “Eu me faço de surdo às críticas, as negatividades, em prol de um desejo maior.”

Objetivos e metas são tão pessoais que não importa a extensão deles, a relevância para outras pessoas. É uma jornada individual que somente a pessoa pode e deve caracterizar sua relevância e a extensão de conhecimento que trará para ela.

O sapo que, com certeza não era príncipe, somente conseguiu chegar ao topo da árvore porque acreditou em si mesmo. Na história ele era surdo para os outros, mas completamente aberto a si mesmo, e ele sabia que suas patinhas tinham um mecanismo que grudava e que naquela árvore, naquele dia, com aquele céu ele chegaria lá, mesmo que não houvesse nenhum outro sapo para ver seu triunfo.

Quem sabe ele leu várias histórias sobre sapos e começou, por isso mesmo, a compreender a si mesmo.

Da próxima vez que alguém tentar te convencer de que algo é impossível faça ouvidos moucos para a boca do povo, agarre sua árvore e siga até o topo.

E é claro, leia muito, porque os livros são valiosas ferramentas para nos ajudar a atingir nossos objetivos. 

Que o seu final de semana seja recheado de boas experiências.

 

(1) Transcrito na integra como estava na internet.

(2) Personagem dos livros Tolkien, muito presente na história de O Senhor dos Anéis.Nesta semana encontrei uma postagem no Facebook muito interessante com o seguinte texto:

Comentários

  1. Minha amiga Soraya, cada sexta feira você tem apresentado grandes desafios. Quantas vezes em nossas vidas deixamos de ser sapos surdos para ter ouvidos mais sensíveis do que deveriam ser e ouvimos o que não deveríamos ouvir e com isso os planos desabam. Eu já deixei de realizar muitos sonhos por ter ouvidos de morcego e fico pensando agora, lendo seu texto, onde estaria se estivesse realizado aquilo ou aquilo ou ainda aquilo outro. Enfim, foram vários aquilos que não foram realizados por ouvir "conselhos". Ainda dá tempo de subir em alguma arvore. É só continuar de ouvido mouco. Abraços, querida amiga. - Luis Antonio

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